sexta-feira, 26 de junho de 2009

Memória

Eu, enquanto historiador, fico muito triste com as notícias que recebi nos últimos dias:
O fim do Bar Cine York (o Cine já tinha fechado há mais tempo)
O fim do jornal O Estado (a morte já era anunciada, mas o estado do fim do O Estado é que é triste)
E a situação da Biblioteca Pública Estadual.

Li no Blog do Moacir Pereira sobre a situação da Biblioteca.

O elevador continua sem operar. Os ladrilhos estão caindo. Os jornais não têm proteção. O mais rico acervo, com obras do século XVIII, está sem climatização.

Agora, o pior: na semana passada, um defeito no sistema hidráulico, provocou enchente parcial. As águas atingiram jornais e revistas no terceiro andar.

Na segunda-feira, a Biblioteca Pública foi interditada. Informa-se que os jornais molhados seriam enviados para o lixão.


Pra quem ainda queria ver alguma coisa do jornal O Estado, pode ser que agora não veja nunca mais.

Eu já fui algumas vezes pesquisar coisas nos jornais antigos da Biblioteca.
Em teoria, seria necessário usar luvas pra proteger o jornal de contatos com a pele. Mas eles não tem luvas. Fico sem ler o jornal? Não. Fico sem luva e leio do mesma jeito.


O estado do jornal O Estado está sendo divulgado em vários blogs: Moacir Pereira, César Valente, Celso Martins, Alexandre Gonçalves, Carlos Damião, Alessandro Bonassoli, e acho que só.
Meu chefe e a minha mãe já trabalharam no jornal O Estado. Meu chefe foi diagramador e a minha mãe foi revisora. Puxando do baú ela lembrou que até já fez 2 ou 3 matérias. Até ela já foi jornalista. E não tem diploma. Isso nos idos de 1970.
Quando contei pra ela que a função de revisor não existe mais, ela lamentou. Eu também. Os leitores também. É muita matéria sem começo, meio fim, sem pé, sem cabeça, sem informação, sem nada.
Sinto falta de um revisor sem nunca ter trabalhado com um.


Já o Bar Cine York fechou as portas. Mais um espaço que guarda(va) a memória da cidade de São José se indo.
O Cine York já tinha fechado há mais tempo. Dessa vez foi o Bar.
Uma das justificativas para o fechamento do bar é a manutenção do espaço. Estava ficando inviável.
Eu quase choro quando passo por lá, vejo a faixa de "Vende ou aluga", e lembro dos poucos momentos que estive lá, fazendo um samba, imagina o Seu Catonho Gerlach, um dos donos do espaço.


Eu quase choro com essas informações, com o fato de que o Museu de Imagem e Som está em estado de depreciação também, que pessoas estão deixando esse mundo e ninguém dá a mínima, que ninguém pensa em guardar a história da cidade.
Até pensam, mas ninguém coloca em prática.


E o povo canta: "Quem é que não se lembra da jaqueira. Da jaqueira da Portela. Velha fiel amiga e companheira. Eu sinto saudades dela" (Zé Ketti)

Nenhum comentário: