sexta-feira, 6 de novembro de 2020

Lançamento CD Peso é Peso com Tuco Pellegrino e Batalhão de Sambistas

O texto abaixo foi escrito em 15 de julho de 2011 e não publicado na época por algum motivo que não lembro. Ei-lo agora.

Respeito, admiração, louvor e gratidão. É assim que o samba é tratado por Tuco e o Batalhão de Sambistas, expoentes da atual cena do samba da Paulicéia.

Formado por sambistas que cultuam a tradição do samba de terreiro, mas que bebem na escola do choro e amam e valorizam os grandes sambas da Era de Ouro da nossa música popular, o Batalhão, capitaneados pelo excelente intérprete Tuco, se prepara para lançar seu primeiro CD, “Peso é Peso”, gravado ao vivo nos dias 27 e 28 de fevereiro e que contou com as luxuosas participações de Monarco, Nelson Sargento e Cristina Buarque.

Fernando Pellegrino, o Tuco, foi fundador do extinto Morro das Pedras e também do Terreiro Grande, onde atua como cantor e cavaquinista. Foi nas rodas de samba que aprendeu a cantar em alto e bom som, no gogó, como se fazia no passado com nomes como Ventura, Noel Rosa de Oliveira e Jamelão. Suas interpretações também nos remetem a grandes nomes das rádios dos anos 30 e 40 como Francisco Alves, Roberto Silva e Ciro Monteiro.

Criado neste ambiente informal, foi pelas rodas de samba da vida que conheceu os outros integrantes do Batalhão, todos sambistas estudiosos que aprendem com muito afinco o que os mestres do samba deixaram.

“Peso é Peso”, o primeiro disco de Tuco, é fruto de anos de muita pesquisa e dedicação. Foram anos passados em sebos, rodas de samba, convivendo com alguns dos maiores nomes do ritmo mais tradicional do Brasil: Monarco, Nelson Sargento e Cristina Buarque foram importantes fontes para o repertório do disco.

Assim como do acervo de José Ramos Tinhorão, disponível para consulta no Instituto Moreira Salles, vieram outras “brasas” pouco conhecidas. Um disco com tantos sambas inéditos de nomes como dos portelenses Paulo da Portela, Manacea, Aniceto da Portela, Mijinha, Licurgo, Antônio Caetano, Picolino, Monarco, Chatim, Lincoln e Alberto Lonato; de sambistas da turma de Mangueira de estirpe de Zé Ramos, Nelson Sargento, Nelson Cavaquinho e Guilherme de Brito; e de imperianos do quilate de Antenor do Império e Silas de Oliveira, é mais do que um simples registro fonográfico, é um documento histórico.

E se a história se faz pelos fatos de um passado que já foi presente e que é justamente o que estamos vivendo agora, este documento musical não poderia ter músicos tão bem escolhidos. O respeito aos antigos compositores, intérpretes, instrumentistas e arranjadores do passado faz com que arranjos das músicas, feitas por Tuco e João Camarero, sempre privilegiem sua roupagem original, sem limitar a criatividade e improviso dos músicos envolvidos nesta obra.

O álbum deverá ser lançado no início de setembro e os shows de lançamento contarão com a presença de Monarco e Nelson Sargento e Cristina Buarque participantes ilustres do disco.

Ficha Técnica: Direção Musical: Tuco e João Camarero Produtor Fonográfico: Tuco Produtora Executiva: Noeli Pellegrino Voz: Tuco Violão 7 cordas: João Camarero Violão 6 cordas: Junior Pita Cavaco: Lucas Arantes Surdo: Donga Pandeiro: Beto Amaral Pandeiro, caixa , agogô, tamborim e reco-reco: Rafael Toledo Tamborim e agogô: Jorge Garcia Cuíca, tamborim, agogô: Alfredo Castro Coro masculino: Rafael Loré, Fernando Paiva e Janderson Buiú Coro feminino: Cristina Buarque, Francineth, Keila Santos Participações especiais: Monarco, Nelson Sargento e Cristina Buarque.

O Grupo Batalhão de Sambistas foi formado por amigos com o mesmo gosto musical. Por serem músicos de grande versatilidade e amantes do samba, seja ele “samba de quadra” ou dos “salões”, exaltam em suas apresentações os grandes mestres deste gênero musical. Eles também priorizam sempre o formato original das canções, buscando dessa forma tratar cada samba apresentado, com toda reverência e o respeito que o samba merece.

Apesar de se tratar de um grupo que canta sambas antigos, pouco conhecidos ou até mesmo inéditos desses ilustres compositores, não significa que não tenham olhos e ouvidos para o presente. Mas a lição do passado é sempre a mais forte diretriz, já que foram eles que escreveram a história. Sendo assim, o grupo Batalhão de Sambistas e o cantor Tuco procuram manter a melhor forma possível de preservar e enaltecer a verdadeira essência do que se faz.

Cada integrante na sua particularidade tem uma história musical, são diversas fontes e gêneros da boa música. Entre eles, a vertente principal é representada pelo samba e seus grandes mestres instrumentistas, tais como: Bide, Marçal, Ismael, Jorginho do Pandeiro, Buci Moreira, Raul Marques, Dino 7 Cordas e Canhoto. Os inúmeros registros das velhas-guardas das escolas como Portela, Mangueira, Estácio, Salgueiro e outros. Com isso, transparece de forma harmônica a perfeita sintonia entre eles, desde o apito inicial até a última marcação.

Dentre os gêneros comentados anteriormente, o choro também tem uma forte influência junto ao Batalhão, pois quase metade dos seus integrantes, fazem parte dessa escola, formando um “regional” firme, na junção das harmonias e batucadas, uma cadência que se transforma em uma ardente chama para que Tuco entoe o seu canto.

Senhoras e senhores: Tuco Pellegrino e Batalhão de Sambistas!



PS.: No encarte deste disco há um agradecimento para mim. Queria registrar isso, pois é um grande orgulho para mim ter meu nome citado em um dos melhores discos lançados nos últimos anos.

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