sábado, 26 de outubro de 2019

A difícil tarefa do jornalista nos dias de hoje

"Jornalismo é publicar aquilo que alguém não quer que se publique. Todo o resto é publicidade." (George Orwell)

Dito isso, o jornalismo acabou no mundo. E já faz tempo. Ninguém questiona nada no mundo atual. As perguntas "por que?" e "será?", que sempre moveram os jornalistas, deixaram de ser feitas.
Com isso, muitos jornalistas migraram para o marketing, ou marketing digital, que está na moda hoje em dia, e é um ramo dentro da comunicação. Os que tiveram sorte, conseguiram entrar na parte de geração de conteúdo da área do marketing. Estão escrevendo. Os mais "azarados", no quesito gerar conteúdo, tiveram que ir para o designer, por exemplo.

Eis que no marketing, ou marketing digital, o jornalista se depara com uma porção de expressões, nomes pomposos, nomenclaturas conhecidas mas com outro significado, e tem que dar alguns passos para trás:

  • Lead, que ele aprendeu, não é mais o início da matéria. É um potencial consumidor de um produto;
  • Saber para quem se escreve hoje é chamado de persona;
  • Escolher palavras-chave em títulos, intertítulos e em pontos chave do texto, que jornalista sabe de cor e salteado, ou deveria, hoje se chama SEO.

E esse SEO parece ser algo que as agências de marketing dão muito valor. Existem diversos aplicativos, programas, plugins para gerenciar isso. Um dos mais conhecidos é o Yoast SEO. Esse plugin do WordPress te diz quantas palavras você tem que usar, quantas ainda faltam, quantas palavras devem ser colocadas em cada intertítulo, quais palavras faltam, onde elas devem ser colocadas.

As pessoas não querem ler muito. Querem ver figurinhas e ver vídeos. Mas esse mesmo plugin, e todas as referências de ranqueamento do Google, diz que temos que ter muito texto, muito conteúdo. Conta muito ponto pro SEO.

E com esse plugin, ou similar, Você só precisa de um macaco que saiba ler e escrever e esse plugin. Pronto! Você tem um gerador de conteúdo.

Outra mudança notada pelos jornalistas é que substantivos comuns, sem ser nomes próprios, ganharam caixa alta na primeira letra, independentemente de onde eles estejam. Isso chama mais a atenção do leitor. E a gramática que vá para a segunda página do resultado do Google.

O marketing não é culpado disso. Nem o público leitor. Nem o pobre jornalista. Se tem algum culpado disso é o tempo. Os tempos modernos estão deixando pra trás todo um conhecimento adquirido, toda uma história, toda uma literatura, toda uma identidade de cada escritor.

É triste ver que o mundo está ficando cada vez mais burro, imerso em uma máquina que encaixota tudo, deixando todos iguais, com direitos diferentes. Mas isso já é assunto pra outro artigo.

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