sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Floripa imita Rio de Janeiro

Florianópolis tem a estranha mania de copiar tudo que vem de fora. Do Rio de Janeiro principalmente. Beiramar, morros, praias, lagoa, carnaval, samba, etc. Até as coisas erradas.

No quesito carnaval, está praticamente igual. Até os sambas são iguais. Cariocas.

Imaginem-se visitando o Rio de Janeiro e ver em cartaz no Canecão a peça: Dona Bilica. Vocês iriam?
Eu não. Primeiro: Já vi, a vejo quase sempre no Jornal do Almoço, posso vê-la com frequência na Felipe Schmidt, e ela imita uma florianopolitana, mané. Ir ao Rio de Janeiro para ver uma manezinha não vale a pena.
Assim é aqui em Florianópolis. O carioca não vem para cá para ver samba carioca. Se fosse pra isso, ficaria no Rio. Paulista não vem pra cá pra ver samba carioca. Se fosse, iria pro Rio. O pessoal vem pra cá, e os daqui permanecem, para ver sambas manés.

Carro alegórico usado pelas das escolas de samba é outro item que Floripa copia do Rio. Assim como no Rio, Floripa está importando os carros lá do Amazonas, com o pessoal de Parintins.
Não seria mais barato importar da Faculdade de Engenharia da UFSC?

O mundo inteiro premia o Departamento de Engenharia da UFSC, mas acho que as escolas de samba daqui só vão contratar o pessoal da UFSC quando as escolas do Rio fizerem primeiro.
É uma dependência tamanha. As escolas de samba daqui não sabem pensar por conta própria?


Duas coisas Florianópolis não copia do Rio: o Rio não importa samba e dá moral pra quem é da própria terra.

Claro que isso é só mais um comentário vazio, porque não vai dar em nada.


E o povo canta: "Esse jongo é meu, esse jongo é meu. Esse jongo é meu, quem mandou você entrar?" (Osvaldinho da Cuíca)

4 comentários:

Anônimo disse...

Que triste realidade...
bjs

Cleber Latrônico disse...

Concordo em grau, número e gênero.
E tem até faculdade de São José seguindo o exemplo negativo.

É a síndrome da colônia (não a cerveja)

Parabéns pela crítica.

Willian Tadeu disse...

Meu caro Nermal,

Estou muito entristecido, sem fôlego, chateado. Não dá mais vontade de participar de tudo isso, cara. Tá muito difícil. Nosso samba venceu na Protegidos, mas não é essa a questão. A questão não é pessoal, a questão é a decadência explícita da coisa toda.

Até quem vinha para ser novidade e fazer diferente tá caindo na mesma mediocridade...

Parabenizo você por dar a cara a tapa. Infelizmente, o carguismo, o clientelismo e outros "ismos" que contaminam nossas escolas e as escolas de outros locais impedem que outros façam o mesmo. Certo está o Fernando Pamplona, que mandou o presidente da Vila "enfiar a homenagem no rabo" (sic), após ter sido cancelada uma homenagem que ele receberia por ter criticado o anti-samba da Vila para 2009.

Não vou entrar no debate sobre o pessoal de Parintins, porque é um debate mais amplo... precisaríamos de uma mesa de bar pra isso.

E os argumentos utilizados pra legitimar tudo isso são tão irracionais que me deixam estupefato, estonteado, abestalhado, ainda mais por ter gente que "assine embaixo" de determinadas coisas. É inacreditável, é ridículo, é absurdo.

Sinceramente, não sei se depois do inferno que eu e outros companheiros vivemos no pré e pós carnaval de 2008 e de toda a continuidade disso tudo em 2009 eu ainda consigo argumentar racionalmente sobre tudo isso. Só me restam as palavras de revolta. E tentar fazer minha parte, mesmo que seja muito (muito!) pouco e em doses leves...

A propósito, a última esperança morreu no RJ, na disputa de samba do Salgueiro. A fuga dos padrões atuais foi à final e perdeu exatamente por fugir dos padrões. São discussões diferentes, é claro, mas são complementares, talvez indispensáveis umas às outras. É válido registrar, porque é uma decepção que não passa, uma tristeza que volta toda vez que ouço o samba, misturada à alegria e ao prazer proporcionados pela maravilhosa audição da obra. Acho que vale registrar, registro sempre que posso. O samba que mexeu com o "mundo do samba". O samba que deu a muitos a esperança de algo novo. O samba que gerou expectativas em torno da disputa do Salgueiro. O samba que fez todos aguardarem para ver se a "vanguarda salgueirense" estaria de volta. O samba de verdade. O samba com melodia de samba. O samab diferente. O samba em que discurso de melodia e letra casavam perfeitamente, formavam um só sentimento, sem setorizações chatas, sem fragmentações confusas. O samba perfeito perdeu. E quando o samba perfeito perde, meu caro, não se sabe mais o que fazer...

Abraços!

Willian Tadeu disse...

Esclarecendo a ambigüidade, o Fernando Pamplona receberia uma homenagem, que foi cancelada após suas críticas àquela coisa que a Vila chama de samba.