segunda-feira, 18 de maio de 2015

A emoção foi geral

Faltava pouco para o carnaval, quando o Bloco de Samba Pega o Lenço e Vai se armava para seu cortejo. Por ironia, o bloco mais brasileiro que eu já vi sai de uma rua com nome estrangeiro: Rua San Juan. Frontalmente ao número 121, no bairro Parque das Américas, em Mauá, no ABCD Paulista, no espaço denominado Centro Cultural Dona Leonor, o CCDL.

Seu ideal tem valor: colocar em prática a lei 10.639/2003, que torna obrigatório o ensino da cultura afro-brasileira na escola. O tema deste ano foi a Balaiada, ocorrida no Maranhão. E de cara, a primeira frase da letra do samba emociona:

"No Brasil o opressor recebe condecoração"

Foi aí, já nos primeiros instantes do cortejo, que eu me emocionei. Umas 100 pessoas descendo a rua e cantando com euforia:

"Ô ô ô ô ô
O balaio chegou
Cadê o branco?
Não há mais branco!
Não há mais senhor!"

Moradores, frequentadores do buteco logo a frente, transeuntes em geral, olhando espantados para o aglomerado de maluco cantando. Consigo até imaginar eles pensando: "Que negócio é esse de balaio?"

E o samba foi repetido inúmeras vezes. É daqueles sambas que quando termina a primeira parte dá vontade de ir pra segunda, e quando termina a segunda dá vontade de começar de novo. E assim foi feito.

Cavaquinhos, pandeiros, cuícas, tamborins, recos-recos e surdo. Batuqueiros, pastoras soltando a voz no agudo, homens no grave, crianças!!

Findado a parte temática, digamos assim, do Bloco, começam a ser cantados os sambas livres, também feitos pela ala de compositores.

Momento sublime foi quando o Bloco parou no meio da rua, faz uma roda, e começam os versos de improviso. O tema? O bloco! Samba de malandro que balança mas não cai.


Ao centro, o estandarte, sendo inaugurado, desfraldado e aclamado pelo povo. Pelo menos o povo do Bloco. Enquanto os moradores da região e comerciantes olhavam atentos e atônitos.

Segue o barco! Ou o Bloco!

Uma volta na praça e o retorno pro CCDL! Depois de todas as músicas entoadas, na subida da rua, o que tocar pra voltar pra sede? O tema, lógico! E lá fomos nós subindo a San Juan cantando a Balaiada de novo!

Várias colunas de instrumentos tomaram a cidade de Mauá. Após derrotarem o cansaço, cantaram triunfantes melodias!

O Bloco defende o samba o ano inteiro. O que justifica o meu atraso de uns 3 meses em escrever sobre ele, que me faz viajar todo ano pra Mauá pelo menos uma vez ao ano, em fevereiro.

Até 2016!

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