domingo, 19 de novembro de 2006

20 de novembro, Dia da Consciência Negra

Como eu sou branco e não tive tempo para preparar nenhum grande texto, vou publicar apenas um pequeno texto sobre Zumbi do Palmares para não deixar passar esta data em branco.


Zumbi dos Palmares: Símbolo de coragem e resistência à opressão

Em 20 de novembro o Brasil celebra o Dia da Consciência Negra, data que homenageia o herói negro Zumbi dos Palmares. O assassinato do último líder do Quilombo dos Palmares - no dia 20 de novembro de 1695 - marcou uma das maiores e mais sangrentas lutas contra o escravismo no Brasil, a luta de resistência dos escravos nos quilombos.

Entregue como presente ainda recém-nascido a Antônio Melo, um padre da Vila de Recife, Zumbi foi batizado como Francisco e educado pelo padre que lhe ensinou a ler e escrever em português e latim. Criado como filho do pároco, no entanto, aos 15 anos já não suportava mais ver os outros negros sendo humilhados e mortos em praça pública e resolveu fugir para seu lugar de nascimento, o Quilombo dos Palmares, o maior de todos, localizado na Serra da Barriga, no atual estado de Alagoas. Ao chegar no quilombo recebeu uma nova família e o nome de Zumbi.

Devido a sua resistência perseverante, a situação do Quilombo dos Palmares estava se tornando constrangedora para a coroa de Portugal. Neste momento os senhores de engenho ofereceram um acordo para Ganga Zumba, na época o rei do quilombo, de que se desfizesse o quilombo, que inspirava outros a resistir, e todos os escravos fugidos sairiam livres. Zumbi ficou desconfiado e não quis aceitar, mas Ganga Zumba, que possivelmente era seu tio de sangue, acabou cedendo ao acordo. Logo Ganga Zumba foi capturado e morto pelos senhores de engenho, então Zumbi, rapidamente, reestruturou o quilombo.

Zumbi se destacava por seu conhecimento e coragem e, aos 17 anos, se tornou o general de armas do Quilombo dos Palmares, cargo semelhante ao de ministro de guerra nos dias de hoje. No cargo, mostrou-se um excelente estrategista militar, podendo ser comparado a outros grandes estrategistas da História ocidental. O quilombo era uma espécie de arraial militar e núcleo habitacional onde os escravos foragidos podiam se refugiar e se defender dos escravocratas e da coroa portuguesa.

O Quilombo dos Palmares resistiu até 1694 sob a liderança de Zumbi, quando uma expedição comandada pelo bandeirante Domingos Jorge Velho o exterminou. Zumbi conseguiu escapar junto a outros sobreviventes do massacre e se refugiou na Serra de Dois Irmãos, então terra de Pernambuco.

Lá ficou foragido por quase um ano, quando, em 20 de novembro de 1695 foi traído por um de seus principais comandantes, Antonio Soares, que recebeu a liberdade em troca da delação do rei Zumbi. Após muita tortura, o bandeirante Jorge Velho decapitou Zumbi e deixou sua cabeça exposta na Praça do Carmo, em Recife, onde ficou por anos até a sua completa decomposição.

Em 14 de março de 1696 o então governador de Pernambuco Caetano de Melo e Castro escreveu ao rei de Portugal: "Determinei que se pusesse a cabeça (de Zumbi) em um pau no lugar mais público desta praça a satisfazer os ofendidos e justamente queixosos em atemorizar os negros que supersticiosamente julgavam o Zumbi imortal, pelo que se entende que nesta empresa se acabou de todo com os Palmares".

Zumbi dos Palmares é hoje, para todo o povo brasileiro, um símbolo da resistência contra a opressão e, em 1995, a data de sua morte foi adotada como o Dia da Consciência Negra.

ALEXANDRE SOUZA
www.horadopovo.com.br


Especialmente hoje o povo tem que cantar:
Kizomba, Festa da Raça
(Rodolpho de Souza / Jonas Rodrigues / Luiz Carlos da Vila)

"Valeu Zumbi!
O grito forte dos Palmares
Que correu terras, céus e mares
Influenciando a abolição

Zumbi valeu
Hoje a Vila é Kizomba
É batuque, canto e dança
Jongo e Maracatu
Vem menininha prá dançar o Cachambú (BIS)

Ô ô ô ô, Nêga Mina
Anastácia não se deixou escravizar
Ô ô ô ô, Clementina
O Pagode é o partido popular

Sacerdote ergue a taça
Convocando toda a massa
Nesse evento que congraça
Gente de todas as raças
Numa mesma emoção
Essa Kizomba é nossa Constituição (BIS)

Que magia!
Reza, Ajeum e Orixás
Tem a força da cultura
Tem a arte e a bravura
E o bom jogo de cintura
Faz valer seus ideais
E a beleza pura dos seus rituais

Vem a lua de Luanda
Para iluminar a rua
Nossa sede é a nossa sede
De que o apartheid se destrua"

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