quinta-feira, 16 de junho de 2016

Quem se importa, o rabo entorta!



Meia noite. Todas as pessoas normais se preparam pra dormir. Ou já estão dormindo. Ele? Ele se prepara pra ir trabalhar. Daqui a pouco ele deve sair. A qualquer momento a partir de agora.

Uma hora da manhã. Lá vai ele. Um pouco atrasado. Acho que o patrão não vai gostar. Talvez ele seja demitido hoje. Tomara. Talvez ele tenha dormido demais. Que ironia.

Mentira. Nem sei o que ele faz da vida. A quem estou querendo enganar? A mim mesmo. Inventando histórias pra me satisfazer. Enquanto ele vai trabalhar agora. A noite toda. Sofrendo. Enquanto eu durmo. Tranquilo.

Seis horas da manhã. Acho que já acabou o expediente dele. Deve ter sido muito sofrido hoje. Ele ta até cambaleando. Bem feito. Quem manda querer dormir até o meio dia. Não estudou. Aí fica com esses sub empregos. De madrugada. Sofrendo.

Mentira. Nem sei se ele estudou. Mas não deve ter estudado. Se encaixa melhor na minha análise. Vagabundo. Tudo que ele tem é uma mochila velha. Sempre carrega a mochila.

Duas horas da tarde. Sem vergonha. Ele não tem vergonha? Levantar essa hora? Vagabundo. Eu já levantei, tomei banho, fiz almoço, lavei roupa. Mereço um cochilo.

Ave Maria. Nenhum movimento na casa. Da minha janela eu consigo ver. Deve ta dormindo. Vagabundo. Sem vergonha. É só o que ele sabe fazer. Dormir. Depois acorda atrasado pra trabalhar. Eu não tenho culpa se ele for demitido. Nem pena. Tomara que seja.

Aliás. Que raio de emprego é esse? Trabalha só de noite e madrugada. As vezes entra às 11 da noite. As vezes a 1 da manhã. As vezes 10 da noite. As vezes volta às 5. As vezes volta às 6. 7. Já vi ele sair de casa 6 horas da tarde e chegar em casa meio dia. Já vi até ele não voltar. Vagabundo!

Nem ligo. Não é ele que paga minhas contas.

Vagabundo!

Ó! Hoje ele ta saindo mais cedo. Onze horas. Lá vai ele.

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