sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Marimbondo

Ele foi fundador e mestre de bateria de uma escola chamada Unidos de Vila Rica, fundada por volta de 1966. A informação é colhida da internet e rebatida pelo atual presidente, que diz que Marimbondo nunca fez parte da agremiação.
Essa escola fica na Ladeira dos Tabajaras, uma comunidade de Copacabana, na Zona Sul do Rio.

O sambista Marimbondo, figuraça de Rocha Miranda, juntamente com seu inesquecível parceiro J. Canseira, marcou época no nosso ambiente, na década de 1970.

O único samba conhecido dele, por enquanto, é Erro fotográfico. Mas ele tem muito mais músicas. E quem sabe delas é o radialista Adelzon Alves.

Eis na versão do próprio:


Um outro moço, Marcelo Archanjo, também registrou esse samba. Com ligeira modificação:


Marcelo aprendeu esse samba com o sambista Eduardo Gallotti que, por sua vez, aprendeu com Wilton do Candongueiro, que aprendeu diretamente com o Marimbondo.


Marimbondo faleceu há cerca de 25 anos e não consegui nenhuma informação detalhada sobre ele. Ainda.
A busca continua!

domingo, 2 de dezembro de 2012

Noel e a polêmica

Não a do Wilson Baptista. Uma outra aí.

Há uns 3 anos o grupo Um Bom Partido tocava ali no Bar do Noel todo sábado. Com exceção de dias chuvosos. Por ideia do primeiro dono, Seu Edson, que enfrentou o medo e arriscou. Muito bem arriscado, por sinal.

Se o samba fosse dentro do estabelecimento, o bar deveria ter tratamento acústico, para o som não incomodar os vizinhos. Como o samba é feito na rua, entra em ação o poder público (Estado). Seria necessário solicitar para a Floram (órgão municipal do meio ambiente) uma autorização para fazer o som. Só que essa autorização tem que ser feita toda vez que for feito um evento. E segundo funcionários da Prefeitura, uma semana dessas a Prefeitura ia se invocar e não ia autorizar. Ou a partir da primeira reclamação de vizinhos. A legislação municipal não prevê eventos frequentes na rua.

Próximo do Bar do Noel existem uns 3 condomínios. 1 deles em especial é o responsável pelas reclamações mais contundentes: barulho, mendigos, usuários de drogas, mijadores de calçadas, insegurança (subjetivo, mas entendível). E não, o hotel em frente não fechou por conta da reclamações dos clientes.

Bar do Noel e ao fundo um dos edifícios importunados com a cultura brasileira.
Foto: Google Street.

Pois bem. Esse lado do Centro da cidade, abandonado pelo Estado, é chamado de Centro Histórico, porque tudo que é antigo tem que ser velho, mal feito, ter o aspecto de sujo e underground. Esse Centro Histórico, por ser abandonado pelo Estado, acaba atraindo, naturalmente, a escória da sociedade. Desde que eu me entendo por gente que o Bar do Seu Milton, o Bar do Noel (antigo Petit), a Travessa Ratclif e a João Pinto em geral, é um lugar underground, frequentado por emos, roqueiros, viciados, jornalistas, músicos, boêmios, comunistas, mas também pessoas 'de bem', como secretários, vereadores, escritores, advogados, etc. Tudo depende do dia, horário e época. As fotos expostas na parede do Noel provam o que eu digo. Desde que eu fui naquela região a primeira vez, que eu só vejo a escória. Talvez pelos horários que eu vou: na entre-safra do sol.

Ou seja: não é o samba que atrai barulho, mendigos, usuários de drogas, mijadores de calçadas, insegurança. Pelo meu relato (e se não quer acreditar em mim, pergunte a outros frequentadores), isso sempre existiu. O que atrai isso tudo é a inobservância do Estado.

O zoneamento daquela região, estabelecido pelo Estado, permite que se tenha estabelecimento comercial, como um bar, por exemplo. Também permite som, com um limite de tolerância, naturalmente.

A presença do samba todo sábado ali, não favorece a aumentar o barulho, os mendigos, os usuários de drogas, os mijadores de calçadas e a insegurança. Causa exatamente o inverso. A presença massiva de pessoas inibe os mendigos, usuários de drogas, mijadores, que procuram outra região.


Com cada vez mais pessoas frequentando o samba aos sábados a tarde, mais pessoas frequentam também outros dias e horários e cada vez mais os mendigos, usuários de drogas e mijadores saem da região. E isso é uma bola de neve sem fim. Com isso, sem intervenção do Estado, que deveria intervir, a insegurança também deixa de existir, naturalmente.

Bar do Noel, Um Bom Partido e a Travessa Ratclif protagonizaram várias rodas memoráveis. Essa é uma delas, quando veio um pessoal de Mauá, São Paulo, Uberlândia e Porto Alegre.

Em cerca de 3 anos, eu só vi 1 briga, e foi entre 2 mulheres. Coisa rápida. Nenhuma garrafa foi quebrada.

E o Bar do Noel ainda contratava banheiros químicos todo sábado.
Se mijadores de calçadas não usavam o banheiro não é culpa do dono do bar ou dos músicos. Culpa de uma falta de educação e de cultura do brasileiro.

Outra reclamação dos vizinhos é que pessoas ficavam na Travessa durante a madrugada.
O Bar do Noel fechava as portas meia noite. Horário limite do seu alvará. Se outro estabelecimento ficava até às 2h, 3h, 4h, como eu já vi, o samba de sábado a tarde não tem a mínima culpa.
E no mais, o dono do bar não tem culpa absolutamente nenhuma de que as pessoas permaneçam na rua mesmo com o bar fechado. Fica na rua quem quiser.

Outra reclamação: o barulho (samba), que acontecia aos sábados, das 14h às 18h, religiosamente. Cuidávamos muito com a questão do horário. Os moradores reclamavam que sempre tinha algum morador que só tinha o sábado a tarde para descansar. Mas os frequentadores do samba e os próprios sambistas, só tinham sábado a tarde pra fazer samba. E daí? O coletivo não tem preferência sobre o individual?

Por uma época, o Bar do Noel fazia música ao vivo quase todo dia da semana. Até às 22h. Claro que isso ajudou em muito negativamente. Por conta disso, houve uma reunião no Ministério Público com todas as partes envolvidas: moradores, donos dos bares, prefeitura, polícia, bombeiro, etc. Eu fui convidado pelos donos do Bar do Noel e participei da reunião. Lá ficou acertado que não haveria mais som nos dias da semana e que os moradores iriam tolerar o samba de sábado a tarde. Entre outras questões de alvará, etc.

Ponto!!

Mas isso não aconteceu. As reclamações continuaram, o Bar pecou em outros quesitos e agora (mais uma vez) o samba foi cancelado. Dessa vez pra sempre, até segunda ordem.

Samba no Noel agora só na lembrança e fotos.
Foto: Divulgação

O Estado deveria oferecer segurança para a população. Sob o meu ponto de vista, o Estado não ofertava segurança, o samba sim.
O Estado deveria fomentar a cultura para a população. Sob o meu ponto de vista, o Estado fez exatamente o contrário: retirou uma cultura popular da rua, de graça, ofertado pelo setor privado.

Isso sem falar que o samba não é só a música, mas toda a energia que envolve, todo o clima, a confraternização, a aglutinação de pessoas em prol de um único objetivo: o bem estar.
Ops... a aglutinação de pessoas é justamente o que o Estado não quer. Muitas pessoas juntas, pensando, se divertindo, pode ser perigoso para o Estado e para o sistema.

Vou sentir saudades do Seu Lidinho dançando e convocando todas as mulheres da Travessa pra dançar com ele. Do Carioca pedindo uma saideira com 9 ou 12 músicas. Do Má benzendo todos durante os sambas de roda. Do Candinho cantando as brasas que só ele canta.

Tentei ser o mais didático e explicar todos os detalhes. Caso alguém ainda tenha alguma dúvida, estarei a disposição para mais esclarecimentos.

Feliz Dia Nacional do Samba pra todos!