quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Dá-lhe, Niquinho!



Em São Paulo, no ponto final do ônibus Jardim Castro Alves, que sai da estação Grajaú, estação final da linha 9 Esmeralda da CPTM, mora Agnaldo Luz, um jovem bandolinista apaixonado pela obra de Amaury Nunes, o Niquinho, um dos grandes bandolinistas que tivemos em nossa música brasileira.

Nascido no Morro de São Carlos, no Estácio de Sá em 11 de agosto de 1928, ganhou o apelido ainda criança, pois vivia pedindo ao seu pai um “niquinho” para comprar guloseimas. Aos 7 anos já manejava o banjo, o cavaquinho, o violão e o bandolim, tocando sempre de ouvido, como de costume antigamente. Aos 14 anos já frequentava todos os programas de calouros, sendo sempre contemplado como vencedor.

Passou a trabalhar como profissional aos 16 anos, na Rádio Tamoio, apadrinhado por Ary Barroso, como executante de viola americana. Algum tempo depois, recebia um contrato da antiga Rádio Clube do Brasil para fazer vários programas da época como “Samba e outras coisas”, “Bazar de novidades”, e outros. Passou também pelas rádio Mayrink Veiga, Vera Cruz, entre outras. Em 1954 o cantor Raul Moreno grava sua primeira composição, obtendo grande sucesso, o samba “Precaução”, em parceria com Hélio Nascimento.

Niquinho tocava com seu regional, do qual participavam músicos pouco conhecidos da mídia, mas respeitados no mundo do choro. Os irmãos Walter e Waldir, hoje umas das referências no choro, começaram a carreira no Regional do Niquinho, em meados da década de 50. Costumava gravar músicas de compositores também não famosos, mas nem por isso de menor qualidade.



Agnaldo possui um acervo muito grande de Niquinho, entre músicas gravadas, inéditas, gravações caseiras, fotos, e até o bandolim que pertenceu ao Niquinho, doado pela ex-esposa, dona Cenira Alves. Ao ouvir o samba canção "Amor quando é amor", de Niquinho e Othon Russo gravado pela Clara Nunes, Agnaldo lacrimeja e murmura: “Queria ter conhecido esse cara”.

Uma das formações do Regional do Niquinho - Niquinho, Zezinho do Pandeiro, Julinho, Walter, Waldir
Niquinho possui quatro álbuns gravados. Três com seu regional e o álbum "Altamiro Carrilho & Niquinho - A flauta de prata e o bandolim de ouro", de 1972, o único solo disponível na internet. Além disso, fez várias participações em álbuns de sambas ou serestas como Carlos José, Silvio Caldas, Candeia, Roberto Ribeiro, sozinho ou com seu Regional. Em algumas das participações com seu Regional, há quem ouça e confunda com o Regional do Canhoto, uma das maiores referências do choro.



Niquinho compôs choros, instrumentais, e também músicas com letras, em parceria, possivelmente fazendo a parte da melodia, gravadas por Clara Nunes, Roberto Carlos e Elis Regina.

Pequenino, tímido, de poucas palavras, de uma educação ímpar e uma humildade e simplicidade sem tamanho, Niquinho faleceu em 19 de agosto de 1994, já doente, vítima de um AVC (acidente vascular cerebral).

Com poucas composições gravadas, 20 contadas até agora, entre choros e sambas, Niquinho tem outras várias músicas compostas, estimada em torno de 50, cuidadas por pessoas como Agnaldo e Cidinho, violonista ainda em atividade e que acompanhou Niquinho por muito tempo. "Só tu pra tocar essas músicas. Ninguém mais toca Niquinho!", diz Cidinho a Agnaldo, comemorando.


Acho que essa é a primeira parte de um programa local do RJ. Não há mais informações no Youtube.



Parte 2


Parte 3


Este programa é completo, de outro dia

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