sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Partido alto (2)

Partido alto é isso e .




E mais um vídeo, antigo, famoso, mas aqui está remasterizado.




Partideiros reunidos é pau, couro e só!

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Vício do samba

Minha música!


Vício do Samba
(João Nicolau Carneiro Firmo)

Todo mundo sabe
Que eu não bebo
Que eu não fumo
O samba é minha paixão
Sem o samba não tenho alegria em meu coração

Em minha alma se enraizou
Como vício embriagador
De alguém que me inspirou
Pro meu grande amor

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Depoimentos para posteridade - André Calibrina

No dia da gravação faltou luz e não pude usar o vídeo. Gravei no celular, lá no Bar do Noel.

Partido alto


Então um sujeito resolve pegar um pedaço de madeira com umas cordas de aço, um pedaço de casco de tartaruga e começa a raspar com o casco nas cordas.

Um outro sujeito resolve pegar um outro pedaço de madeira com um couro no meio e começa a bater nele.

Outros sujeitos aparecem, começam a cantar algo que se repete o tempo todo.

De repente, um só inventa uma música no meio daquela e quando acaba, todo mundo volta a cantar a música anterior, repetindo o tempo todo. Sem deixar o ritmo cair. Então vem outro sujeito e canta outra música. Aí acaba, e todo mundo volta a cantar a música anterior. Como mágica. Emendando uma na outra. E por aí sucessivamente.

Entre uma intervenção e outra todo mundo ri, não sei do que.

E continua o casco a raspar nas cordas, a mão a bater no couro e o povo a cantar.

Que graça tem isso?

TODA!

E salve o partido alto!

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Bar do Noel pode fechar definitivamente!!!


Está rolando um manifesto sobre o possível fechamento do Bar do Noel motivado por várias denúncias na Prefeitura e no Ministério Público.

Infelizmente, em Florianópolis, a lei que regulamenta esse tipo de atividade cultural não prevê o que acontece no Noel, ou com os capoeiristas no centro da cidade.
A lei diz que o alvará para música em um estabelecimento somente será cedida após tratamento acústico. Acontece que neste caso o som é na rua. E não há legislação para isso.
Os eventos em locais públicos devem ser solicitados previamente para a SUSP e a Floram autorizarem (ou não). A lei também não prevê eventos ordinários. Ou seja, se o bar ficar pedindo toda semana, é capaz de numa dessas, o pedido ser negado. E se fizer um pedido só com todas as datas, o poder público pode considerar uma afronta, piada de mal gosto, sei lá.

Enquanto isso, cumpre-se a lei e acaba-se com a manifestação cultural que revitalizava aquela espaço do Centro Histórico, esquecido pelo poder público.

Segue o manifesto:


A Travessa Ratclif, hoje convertida num dos principais pontos de encontro de Floripa por conta das atividades da Travessa Cultural, Jazz e Samba do Bar Canto do Noel, todas gratuitas, têm sido alvo de processos e denúncias de alguns poucos vizinhos que acabaram por conseguir a suspensão total das atividades abertas ao público, queixando-se do “barulho” que a música encerra em seus ouvidos, embora esses eventos primem pelo respeito ao horário limite das 22hs.

Tendo em vista que nesta sexta, dia 02/12 é o Dia Nacional do Samba, estamos programando uma manifestação, com saída da Travessa Ratclif, com destino ao Mercado Público (onde estará rolando o grande evento de comemoração ao Samba), em favor da cultura, da arte e do desenvolvimento social, com concentração a partir das 17 horas.

Tradicional reduto cultural de Florianópolis, ponto de encontro de intelectuais, músicos, poetas, teatristas, jornalistas, artesãos e boêmios, sambistas, moradores das comunidades do Maciço do Morro da Cruz, por décadas abrigando o Museu da Arte Metálica, a Travessa assumia as fantasias carnavalescas com o Desfile das Escolas de Samba desde sua transferência para suas imediações na Avenida Paulo Fontes até a criação do Sambódromo em 1989. 

Hoje, o local abriga um Ponto de Cultura e várias atividades artísticas, gratuitas a todo público, como o Jazz e Sambas do Canto do Noel e cursos no Instituto Arco-Íris, e tem a pretensão de contribuir com os inúmeros projetos como o de Revitalização do Centro Histórico do CDL e PAC (Plano de Aceleração do Crescimento) das Cidades Histórias.

Hoje, com a remoção do principal terminal de transportes, a região leste do Centro perdeu sua pujança com a diminuição do tráfego de pessoas. Esses fatores implicam numa necessidade imperiosa de revitalização da ocupação desta área, resgatando sua vocação gastronômica e cultural, conforme manifesta o próprio CDL de Florianópolis, propiciando atividades que sejam atrativas à população local de forma a incentivar investimentos em restaurações do patrimônio histórico e atrair, também, o turista visitante, fomentando o desenvolvimento sócio-econômico da região.

Travessa Cultural, além de ser um Ponto de Cultura é, também, uma rede de parcerias que tem como foco a questão o desenvolvimento sócio-cultural através das artes, da comunicação e da inclusão digital.


Janaina Canova (Instituto Arco-Íris)
(48) 9961-3820
janacanova@gmail.com

Acauã Irê F. Canabarro Machado (Bar Canto do Noel):
(48) 3223-1779 / 9117-3803 / 8833-0724 / 9900-1510/ 8457-3994
acauaire@hotmail.com
drakunk@gmail.com

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Jongo

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Um caso de verão


Então um dia a vi. Foi um caso rápido. Alguns segundos. Logo ela foge do alcance dos meus olhos.

Isso aconteceu por algumas vezes. Acho que ela também me viu em todas as ocasiões. O que será que ela pensou? Porque fugiu?

Certo dia houve uma festa em minha casa. Ela apareceu. Estava num canto da casa. Sozinha. Não pode ser verdade. Assim também já é demais.

Fui ao encontro dela. Ela correu, mas ainda estava no meu campo de visão. Dessa vez ela não escaparia. Ela ia pra um lado, eu ia atrás. Ela voltava, eu voltava também.

Eis que consigo prensá-la contra uma parede. De forma concisa. Precisa. Firme. Forte. Ela bambeia. A deixo por uns instantes, orgulhoso. Vou buscar uma bebida. Quando volto, ela havia sumido de novo. Mas como? Depois dessa prensa ela ainda foge?

Maldita barata!!!

domingo, 20 de novembro de 2011

Abre a roda, moçada, que o samba é pesado!

Vi a receita e copiei.



Batuqueiro
(Candeia)

Abre a roda moçada que o samba é pesado
(Sim meu senhor)
Batuqueiro que é bamba não é derrubado
(Sim meu senhor)
Se cair se levanta de bico calado
(Sim meu senhor)
Batuqueiro de roda não fica sentado

Quem sai com chuva vai se molhar
Quem vai pro samba vai pra sambar
A batucada já começou
O samba é duro, mas sambar eu vou

Abre a roda moçada que eu vim da favela
(Sim meu senhor)
Sai da porta menino e não abre a janela
(Sim meu senhor)
Esse samba é pra homem, não é pra donzela
(Sim meu senhor)
O Marçal está pensando, esperando por ela

Abre a roda moçada que eu vim da favela
(Sim meu senhor)
Levo para a comadre uma rosa amarela
(Sim meu senhor)
Venho lá de Mangueira, ainda vou na Portela
(Sim meu senhor)
E o nêgo comendo farofa amarela
(Sim meu senhor)
Quero ver a comida que tem na panela
(Sim meu senhor)

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Desculpas públicas a Sinhô

Venho a público pedir minhas sinceras desculpas ao Rei do Samba, Sinhô!



Certa vez eu fui convidado para apresentar um show. O texto era meu. Tentei buscar um lado incomum, coisas que nem todos conhecem sobre os compositores das músicas que seriam apresentadas.

Com Sinhô, cometi alguns deslizes.

Primeiro - Ele não é auto intitulado Rei do Samba. Ele era intitulado por jornalistas, cronistas, amigos e pelo povo em geral, que adorava as músicas de Sinhô e se via nelas. Sinhô era um compositor popular. Suas músicas caíam fácil na aceitação do povo.
Segundo - Eram suas músicas. Não plágios. Muito menos roubo!

Havia, na época, reclames de alguns compositores, como Heitor dos Prazeres, de que certas músicas de Sinhô seriam, na verdade, de outras pessoas. Acontece que nunca apresentaram provas contundentes de que Sinhô teria plagiado, ou roubado, samba de outros.

É fato que Sinhô se inspirou em valsas estrangeiras para compor músicas. É fato que Sinhô se apropriou de versos que já estavam ficando no ostracismo, ou se tornado de domínio público - quando ainda não havia um órgão fiscalizador - para criar suas obras. Há quem defenda isso como sendo malandragem ou ato sem maldade, pensando apenas em resgatar os versos a fim de não deixar cair no esquecimento.

De qualquer forma, essas músicas seriam uma parcela muito pequena diante das mais de 150 músicas compostas por Sinhô.

Sendo assim, registro aqui meus sinceros pedidos de desculpas ao Rei do Samba!

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Tocar em pé


Tem gente que me critica por tocar meu tamborim em pé lá no Bar do Noel. Dizem que faço isso por vaidade. Com o intuito de me aparecer.

Pura ignorância!

Primeiro: Não faço parte do grupo Bom Partido. Faço parte da manifestação cultural que o grupo protagoniza. A roda é do grupo. Só senta na roda quem é permitido por eles. A não ser que um mal educado, ou mal intencionado, sente sem permissão;

Segundo: Ali, em pé, me torno subalterno à roda. Quem está sentado é que dá as diretrizes. Sendo assim, quem está sentado, tem mais autonomia do que eu, em pé;

Terceiro: Não preciso me aparecer. Se eu quisesse me aparecer, pintava a rodoviária de vermelho;

Quarto: Só o fato de tocar naquela roda, a pessoa já está exposta. Não precisa ficar em pé;

Quinto: Gosto de tocar em pé.

Sexto: Então se eu chego numa tendinha, com apenas 1 mesa e 3 cadeiras, ocupadas, eu não posso participar do samba em pé porque estaria com o objetivo de me aparecer, me tornar melhor do que os que estão sentados? Ora essa. Era só o que me faltava.

Sétimo: Quem quer se aparecer são aqueles que não sabem tocar nada, não tem nenhuma intimidade com o instrumento, não tem nenhuma intimidade com o ambiente da roda de samba, não conhece a música que está sendo executada, chega na roda, puxa um instrumento qualquer que está parado em cima da mesa (geralmente o molho: tamborim, agogô, reco-reco, afoxé), pensa que não vai atrapalhar (mas atrapalha, e muito), toca três, quatro músicas pra mostrar pros outros que sabe alguma coisa, que tem moral pra chegar na roda e pegar qualquer instrumento e tocar, larga e parte pra cima da mulherada com ar de bonzão. Esse sim quer se aparecer.

Oitavo: Aquela manifestação aos sábados não é uma simples apresentação de um grupo. É, acima de tudo, uma roda de samba. E uma roda de samba é.... Ora, meus caros críticos de meia tigela. Se não sabem o que é uma roda de samba, não me venham fazer acusações levianas e críticas infundadas.


Felicidades, um forte abraço e um grande beijo!

domingo, 13 de novembro de 2011

Cabocla Jurema

Lindo!

E salve Candeia!



Cabocla Jurema
(Candeia)

Essa história começou assim
Todos queriam seu coração
A cabocla olhou para mim
Mas o seu amor não percebi

Jurema, Jurema
A mais linda flor do meu sertão
Jurema, Jurema
Violeiro quer seu coração

E o chefe dos violeiros então lhe perguntou
Entre tantos violeiros de quem mais gostou
Ela então sorrindo respondeu:
"Ele vai saber melhor que eu"
E desapareceu
Linda cabocla
Desapareceu
O amor que não foi meu
Desapareceu
Ai, ai
Desapareceu
Ai, ai
Desapareceu

O o o o o o o
Ainda não voltou
O o o o o o o
Ainda não voltou

Sonhei que tava na mata
(Sonhei que tava na mata)
E vi uma linha cabocla
(E vi uma linha cabocla)
Que há pouco tempo morreu
Que o culpado fui eu
Assim ela dizia
Que gostava tanto de mim e eu não sabia
Que gostava tanto de mim e eu não sabia

Jurema, Jurema
A mais linda flor do meu sertão
Jurema, Jurema
Violeiro quer seu coração
E um lamento dentro da noite ecoou

O o o o o o o
Ainda não voltou
O o o o o o o
Ainda não voltou

E um lamento dentro da noite continuou

O o o o o o o
Ainda não voltou
O o o o o o o
Ainda não voltou

E um lamento dentro da noite acabou

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Assim é mesa de bar. Lugar de...


De vez em quando chego no bar, peço minha tradicional latinha de Antártica e fico de canto, observando os que já estão sentados à mesa, em forma de círculo, brincando.
Aqui abro um parênteses pra contar uma historinha.

(Desde sempre que o círculo simboliza união. Não há início, nem meio, nem fim. Rei Artur muito provavelmente tenha sido o maior difusor desse simbolismo. Basta lembrar do nome da história: Rei Artur e os Cavaleiros da Távola Redonda. Quando todos sentam à mesa em forma de círculo, mesmo que a mesa não seja redonda, significa que todos tem o mesmo grau de importância. Ninguém é o centro das atenções. Assim pensava Rei Artur.)

Tudo vai bem e eis, porém, que de repente, alguém me chama para sentar junto e sede seu lugar para mim. É a minha vez de brincar também.

Outras pessoas sentam junto, outras ficam em pé ao redor. Todos acabam brincando, em prol do que acontece. Há os que não gostem da intervenção de quem está fora, alguns cantam errado, mas tudo faz parte.

É bonito de se ver essa interação, mesmo com pessoas estranhas, como de vez em quando acontece. Por vezes, a brincadeira sai bonita.
E quem está sentado cuida do colega, se preocupa com quem está ao lado, tudo de forma natural, sem obrigação, pra que tudo saia na mais perfeita ordem. Há um respeito mútuo entre todos.

Quando a roda está animada, surgem olheiros de todos os cantos e todos os tipos. Todos parecem querer participar, estar dentro.

A união dessa mesa de bar é algo fora de série. Preto senta com branco, rico com pobre, os mais velhos sentam com os mais novos, por vezes aprendem com a astúcia dos mais jovens, mas na maioria das vezes ensinam. Há gozação pra lá, gozação pra cá, um ri do outro, o outro paga cerveja pra um, etc.

Há, claro, os que não gostam de deixar a mesa. Mas é um espaço democrático. Todos devem brincar.

Assim é mesa de bar. Lugar de jogo de dominó.

domingo, 6 de novembro de 2011

Depoimentos para posteridade - Jandira

Chegou a vez da Jandira, conhecida no Brasil inteiro por, entre outras, vencer um concurso de partido alto, lá no Rio, em 2002.

Jandira fala sobre o início de carreira, com o Bom Partido.

 

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Seu Waldomiro Tomé Pimenta e o tamborim de couro de gato

Não se sabe ao certo a origem do tamborim ou quem inventou o tamborim.

Alcebíades Barcelos, o Bide, um dos docentes do Estácio, inventor do surdo, dizia não saber se inventou o tamborim também, mas lembra de tocar desde pequeno. Ele nasceu em 1902.

Pois meu amigo Vilmar, do Projeto Resgate de Porto Alegre, me apresentou esse vídeo do possível cara que inventou o tamborim de couro de gato.

A matéria não fala nada sobre a criação do tamborim, mas que ele descobriu isso há 43 anos.

Supondo que a matéria seja de 1970, a descoberta do mangueirense seria de 1927. Em "miados" de 1927, um ano antes da fundação da Deixa Falar no Estácio, Bide já tinha 19 anos e já tinha passado da infância.

Na infância Bide não devia tocar tamborim de nylon, mas de couro. Possivelmente couro de gato, até se descobrir que o couro de cabrito era mais resistente.

Não desmerecendo o vídeo, que é interessante, muito menos Seu Waldomiro Tomé Pimenta, um dos maiores Mestres de Bateria da Mangueira, que tem conhecimento de causa, mas eu fico com Bide!

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Saudosismo

Publicado no Song Book sobre Braguinha, de Almir Chediak.

Utilizando todo o charme nostálgico da marcha-rancho, Braguinha rememora o ingênuo encanto dos carnavais de outrora e o compara com a realidade bem diferente dos novos tempos, arrematando filosoficamente: "Então repito a pergunta / que o tempo não respondeu: / o que teria mudado? / o meu carnaval ou eu?...". Saudosismo foi gravado pelo compositor, firme em seus então 75 anos, com o acompanhamento do conjunto Coisas Nossas, em dezembro de 1982.
(Texto de Jairo Severiano)


Saudosismo
(João de Barro)

Onde andará a Colombina
Que o carnaval esqueceu
Com seu olhar de menina
Travessa que Deus lhe deu?

Onde andará a Colombina
Onde andará seu Pierrô?
Sempre à procura de um sonho
Que nunca realizou

Hoje o carnaval está mudado
E o palhaço vai ao baile de "blu-jim"
O Arlequim não muda de bermuda
E a Maria Antonieta nua é o fim

Não há mais lança perfume
Nem serpentinas no ar
Meu carnaval se resume
Em ver a escola passar

Então repito a pergunta
Que o tempo não respondeu
O que teria mudado?
O meu carnaval ou eu?
(grifo meu)



Aos 7'20"

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Precisa-se de jornalista

Precisa-se de jornalista na área cultural, especialista em samba. Quanto mais, melhor.

Mas não basta um qualquer. Mais um. Tem que ser alguém que abraçe a causa. Que entenda a essência do samba.

Há ônus e bônus. Ei-los:

Não necessita de experiência;
Dedicação exclusiva;
Horário: normalmente de noite imendando a madrugada, as vezes de tarde e quase nunca de manhã;
Salário: muito baixo;
Sexo: tanto faz;
Pode fumar e beber. De preferência não beber muito, pra poder lembrar dos fatos que vivenciou;
Sem direito a férias. Mas quase todo dia haverá festa;
Glamour: nenhum. Em vida, terá o reconhecimento dos sambistas. Depois da morte, terá o reconhecimento de 17 pessoas em todo Brasil, por registrar passagens do samba de Florianópolis. Dessas 17, 10 são pesquisadores - classe da qual ninguém da bola -, 4 acadêmicos, 2 antropólogos e 1 avulso que gosta de samba.

Interessados, deixar um comentário.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Diálogo necessário em Floripa

Na verdade, o que falta no diálogo necessário é a última linha. As primeiras quatro já existem.


Tocas há quanto tempo?

Músico respondendo com ar de superioridade, achando que tempo significa alguma coisa: Há 15 anos.

E aprendesse com quem?

Músico respondendo com peito estufado, achando que está arrasando no seu instrumento: Sozinho!

Quer um conselho? Faz uma aula e estuda.

domingo, 16 de outubro de 2011

Uma leve vontade...

Bateu a Ave Maria. Hora de sair do serviço. Uma leve vontade de urinar me toma o corpo. Não fico muito a vontade usando banheiros públicos, ou do serviço, que por ser um órgão público, se torna quase um banheiro público. Como a vontade também não é grande, dá pra aguentar até em casa.

O elevador demora pra chegar. Pudera. São 18h e todos estão querendo ir embora. Até o elevador chegar no 12º andar deve demorar um pouco mesmo.
Eis que chega. Agora, a demora é pra chegar ao térreo. Pudera. São 18h e todos estão querendo ir embora.
O equipamento para em todos os andares. Em cada andar, uma breve saculejada. Sinto saculejar também a minha bexiga. Mas ainda estou no controle.
Térreo. Ainda desço mais um lance de escada para chegar até a calçada. Chove. O barulho da água é um facilitador psicológico para quem quer urinar. Eu quero. Mas não posso agora.

Do serviço até o terminal de ônibus são alguns bons metros. A calçada esburacada da cidade não ajuda em nada quem está com a bexiga cheia. E essas poças d'água estão começando a me incomodar.

Pro meu azar, o meu ônibus acabou de sair. O próximo só em 30 minutos. Ainda chove. O barulho da água no teto faz parecer que a chuva está mais forte, que há mais água caindo. Já estou começando a andar meio curvado, pra não pressionar muito a bexiga. E saber que vou demorar pra chegar em casa não ajuda.
O banheiro do terminal é bem próximo do ponto do meu ônibus. Mas não consigo urinar com tanto barulho, ou com alguém perto de mim, ou sabendo que tem alguém que também está apressado, com vontade, esperando eu acabar. Mesmo assim, arrisquei.

Chego no mictório, vejo aquele latão de ponta a ponta da parede, com água escorrendo, para escoar a urina e servindo como um facilitador psicológico para quem quer urinar. Que sorte, está vazio!
Pois foi só eu encostar no canto, que apareceu um sujeito. Olhei pra trás, dei mais um passinho pro lado, para liberar mais espaço, sendo que havia todo o resto do mictório disponível. O sujeito chega, urina e quando está saindo, quando eu penso que ia ficar sozinho novamente, só eu e o mictório, aparece outra pessoa. Eu começo a ficar encabulado de não ter urinado ainda e continuo na mesma posição, com as duas mãos na região pubiana, olhando pra baixo, parado, aguardando a urina sair. Tão perto e ao mesmo tempo tão longe. A posição, a água rolando, o mictório na minha frente. Tudo propício. A vontade aumenta. A bexiga se prepara para despejar o líquido, o corpo sabe que a urina tem que sair, mas o cérebro não deixa e o corpo trava. Não dá. Não consigo. Chega mais dois. Eu fingo que termino, embora ninguém tenha ouvido um barulho sequer do canto onde eu estava, ou ter escorrido algo mais do que a água do mictório para o ralo. Tenho a impressão de que todos estão rindo de mim por saber que eu não consegui urinar na presença de mais pessoas. Lavo a mão e saio.

Volto para fila do ônibus, mais curvado que antes. A chuva não pára. Minha barriga dói.

Fico imóvel, porque qualquer movimento piora a sensação. Até o ritmo da respiração eu diminuo. Se eu respirar fundo, o pulmão vai ocupar muito espaço dentro de mim e pressionar a bexiga. Então respiro pouco.

Entro no ônibus e consigo um último lugar pra sentar, na cozinha, ao lado da janela, vendo a chuva.
Quando o motorista liga o ônibus, dá a impressão de que ele ligou uma daquelas cadeiras do cinema do Beto Carreiro, que vai pra frente, pra trás, sobe, desce... Corre uma lágrima do meu rosto. Quando o motorista acelera, há um breve alívio, já que as batidas do motor diminuem.
Mas o trajeto até a minha casa demora, já são 19h, chove, a cidade está repleta de carros e as filas aumentam brutalmente. Abro o botão da calça para amenizar a pressão na barriga.
A rua esburacada da cidade não ajuda em nada quem está com a bexiga cheia e o local que eu encontrei no ônibus piora. A parte de trás do ônibus é a que mais balança.

São 19h20 e o motorista está com pressa. Estressado por conta do trânsito, quando há uma brecha ele acelera com tudo. Numa dessa, há uma lombada. Ele a ignora. Minha bexiga não.
Acho que escapou uma gota pela uretra. Mais 2 lágrimas escorrem.

Mas onde eu estava com a cabeça de sentar?? Para amenizar o chacoalhar do ônibus, levanto, mas numa das aceleradas do ônibus, me vem a mente aquelas aulas de física da 5ª série sobre inércia, onde aprendemos que todo corpo tende a se manter parado até que alguma força a faça se mover. O sujeito da minha frente parece ter faltado essa aula, pois numa arrancada do ônibus, o sujeito esbarra em mim e, obviamente, pela Lei de Murphy, na minha barriga, exatamente no balão cheio de urina que eu carrego dentro de mim.
Acho que escapou mais duas gotas pela uretra e meus olhos ficam rasos d'água. No piscar, dois filetes de lágrima riscam meu rosto até a mandíbula. Minha barriga dói mais. Mais pela vontade de urinar do que pelo esbarrão.

Falta pouco pra eu chegar em casa e menos ainda pra eu molhar as calças.
Pensando bem, está chovendo, ninguém ia reparar. Talvez pelo cheiro. Pensando melhor ainda, é preferível não fazer isso.

Ainda chove e a essas alturas eu já estou chorando quando, enfim, chego no meu ponto, corro, na medida do possível, até minha casa, já com a chave do portão na mão, com o corpo bem mais relaxado por estar em no meu ambiente, no meu espaço, o que piora a situação, abro o portão em tempo recorde, entro em casa como se a porta nem existisse, a calça já está totalmente aberta, avisto o vaso sanitário de longe com a tampa abaixada pensando sem um empecilho, mas se nem a porta da casa foi um agente dificultoso, uma tampa não vai atrapalhar minha glória, e com a agilidade de um gato, a urina começa a sair ao mesmo tempo em que a tampa é levantada.

Choro de novo.

Permaneço ali por minutos. As pernas amolecem. O coração dispara. Um sorriso involuntário toma conta do meu rosto. Solto alguns gemidos, também involuntários.
Lentamente, lavo as mãos. Deito na cama.

Acordo feliz e com a cama completamente encharcada, já gotejando no chão.
Nunca acordei sorrindo de um pesadelo.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Minha felicidade

Minha felicidade
(Artur de Bem)

Eu não sei porque incomodo
Quando estou acompanhado
Se é ciúme de mim
Ou de que está ao meu lado


Não posso ter boa conversa
Com uma boa companhia
Logo vem alguém com pressa
Me flertar com hipocrisia

Eu que sempre andei sozinho
E nem sou namorador
Eu estou devagarinho
Só acumulando amor


Eu que sempre fiz o bem
Não quero o mal de ninguém
Não me incomodem mais
Deixa eu conversar em paz

A minha felicidade
É uma coisa tão singela
E pequena e sem alarde
Cabe bem em uma tigela

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

O samba veio dos índios!

Pelo menos essa é a teoria de Bernardo Alves, publicado no livro "A pré-história do samba".
Mais informações referentes ao livro podem ser lidas neste link do site Brasileirinho.

Se alguém tiver informações de como comprar o livro, por favor, me avisem!

Acredito que a teoria não pretende negar a influência do negro no samba que ouvimos hoje. Apenas vai mais longe na pesquisa, e talvez no radicalismo.

O samba sofreu diversas alterações. Sempre quando me perguntam "o que é samba?", nunca tenho resposta e conto sempre a mesma historinha: a discussão entre Donga e Ismael Silva, proposta por Sérgio Cabral, que teve “a felicidade de testemunhar (e a infelicidade de não ter gravado)”, sobre o que seria o verdadeiro samba. Cada um deu sua resposta:

DONGA – Ué, o samba é isso há muito tempo: ‘O chefe da polícia/pelo telefone/mandou me avisar/que na Carioca tem uma roleta para se jogar’.
ISMAEL SILVA – Isto é maxixe.
DONGA – Então o que é samba?
ISMAEL SILVA – ‘Se você jurar/que me tem amor/eu posso me regenerar/Mas se é/para fingir mulher/A orgia assim não vou deixar’:
DONGA – Isso não é samba, é marcha.

Tempos depois, Pixinguinha disse que samba não é nem o do Ismael nem o do Donga. Pra ele, samba era do tempo do Hilário Jovino, do João da Mata. Um samba mais rural.

Depois disso, eu me nego a dar uma definição de samba e aceito que ele sofre modificações. Posso não concordar com a maioria das modificações existentes, inclusive eu costumo lamentar, mas aceito, pois a arte é livre e aberta.
O que não aceito é criar algo esquecendo que pra tudo existe uma história anterior àquilo que se pretende criar. E a história do samba é muito mais antiga do que "Pelo telefone", de 1917.

E pra botar mais lenha na fogueira, segue um samba pra confirmar a teoria do Bernardo Alves.




A vida do samba
(Alvaiade / Bibi)

Samba foi uma festa dos índios
Nós o aperfeiçoamos mais
É uma realidade
Quando ele desce do morro
Para viver na cidade

Samba
Tu és muito conhecido no mundo inteiro
Samba
Orgulho dos brasileiros
Foste ao estrangeiro
E alcançaste grande sucesso
Muito nos orgulha o progresso

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Exaltação à Ilha

Aí, Bira Pernilongo, mais uma obra de Floripa!!

Peguei essa música com o pesquisador Velho Bruxo. Os dados são do próprio e do professor Josué Costa, que me escreve:

Meu caro colega Artur, atendendo a seu pedido, posso informar que a música 'EXALTAÇÃO Á ILHA', esta beleza de marcha-rancho, faz parte do 1º Long-play de vinil produzido aqui na Ilha pelo saudoso Luiz Henrique Rosa,, e é de autoria do Coronel Kell, acompanhado pelo excelente Band Show, da Policia Militar do Estado de S.C.

Outros tempos...



Exaltação à Ilha
(Coronel Kell)
Marcha-rancho
LP - Carnaval da Ilha (1981)

Ilha
Majestosa, colossal
Quem te vê
Não esquecerá jamais
Trilhas
No turismo mundial
Brilhas
Com fulgor nos carnavais

Tua Lagoa
Da Conceição
É um encanto
Fascinação

Canasvieiras, recantos do amor
Baías norte-sul
Visão de explendor

Quanta beleza
Ao pôr do sol
Que maravilha
Teu arrebol

Da natureza tens tudo, afinal
Nasceste, com certeza
Pra ser a capital

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Raidinho atualizado!


Depois de ficar quase 1 ano, sei lá, com o Raidinho tocando "Cristina Buarque e Henrique Cazes - vol  01 - Sem tostão...A crise nao é boato", chegou a vez de Cristina Buarque e Henrique Cazes - vol. 2 - Sem tostão...A crise continua

E os sambas e histórias de Noel continuam sendo cantadas e contadas...

Noel era malandro!!


PS.: o Raidinho tá começando na faixa 6 não sei porque. Mas o álbum está completo.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

O prato quebrou

O samba está de luto. Fecharam o blog Prato e Faca, principal fonte da maioria dos pesquisadores de samba de fora de São Paulo.
Talvez porque ele disponibilizava álbuns que estavam no auge da comercialização, ou álbuns que eram facilmente encontrados em qualquer esquina.

É porque o André Carvalho não gastou tempo nisso. Nem dinheiro. E o intuito dele era somente ferrar com as gravadoras. Ele nunca pensou em ajudar ninguém, em difundir a cultura brasileira.

Coisa que o ECAD faz muito bem. Coisa que a Sony tem orgulho em dizer. Coisa que a Continental tem em seu slogan. Coisa que a BMG tem como meta.

O fato é que ele foi fechado.

Agora falta fecharem o blog Um Que Tenha, o Instituto Moreira Salles, ........

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Chico Santana na Portelinha

Pra mim, tudo começou em dezembro do ano passado, em Atibaia, no lançamento do cd Tuco e Batalhão de Sambistas, quando Fernando Paiva manifestou seu interesse em fazer uma homenagem a Chico Santana em 2011 pelo seu centenário. O "problema" é que tinha representantes de todos os outros grupos junto. Todos abraçaram a idéia. Mas isso já vem de pouco antes, ainda em Uberlândia, quando eles lá já tinham feito uma roda em homenagem ao mestre.

A primeira roda do evento nacional de 2011, envolvendo todos os grupos de, em princício, Uberlândia, São Paulo e Porto Alegre, foi em janeiro, em Uberlândia. Nunca vou esquecer daqueles dias.

Depois veio Glória ao Samba. Não fui, mas pelas fotos e vídeos, dá pra ver que foi algo pesadíssimo.

Terreiro de Mauá. Gripado e com febre, fui ver a homenagem. Emocionante. Fecharam a rua e tudo mais. E o coro das pastoras me deixou atônito.

Terra Brasileira. Não fui, mas vi todo mundo muito feliz nas fotos. Não nas fotos posadas, porque ali, todos ficam felizes. Mas nas fotos dos momentos espontâneos. Todos felizes.

Projeto Resgate. A alegria natural do pessoal do Resgate deu o tom da roda.

Nesse meio tempo, houve uma roda no Rio, com o Jequitibá de lá.

Eis que, dois dias depois do aniversário de 100 anos que Chico Santana faria se estivesse vivo, surge a tão esperada roda na Portelinha.

Em primeiro lugar, posso até arriscar imaginar que, desde meados da década de 60, que a Portelinha não se enchia de sambistas da mais alta estirpe e melhores pedigrees do cenário nacional, não se enchia de samba, emoção e lágrimas. Sim, teve gente que chorou!

24 de setembro de 2011 é mais um dia que eu nunca mais vou esquecer na minha vida, dentre alguns que eu já tive o prazer e honra de viver com esse pessoal, que em outro momento chamei de "uma nova sociedade". Esses grandes sambistas do cenário nacional são obviamente desconhecidos da população, como o grande mestre Chico Santana, gênio de pouca popularidade, foi traído e não traiu jamais.

24 de setembro de 2011 também foi o dia de uma das maiores amarguras da minha vida, ao ter chegado atrasado e não ter visto o primeiro bloco da homenagem com Projeto Resgate, Glória ao Samba e a turma de Uberlândia. Era pra eu estar lá! Nunca vou me perdoar.



Mas cheguei a tempo de ver o que aconteceu depois. De ver as pessoas lá. Umas das mais importantes vivas na história da Portela. Monarco, Waldir 59, Tia Eunice, além de Áurea Maria, Tia Neide Santana, João Baptista M. Vargens, Carlos Monte e meu papa Sérgio Cabral. Quando Terreiro de Mauá, Terra Brasileira e o Jequitibá do Rio começaram o segundo bloco e eu me dei conta do que tava acontecendo, não me contive. Abraçei o Fernando Paiva incontrolavelmente. E a cada música executada, mais lágrimas vinham, até o pranto se tornar mais contido e passar a ser chorado interiormente.

O terceiro bloco foi imendado. Todos juntos. Marcelo Baseado me puxou pra dentro da roda, me entregaram um pandeiro e o Paiva puxou o bloco pra rua. Não desfilei no Pega o Lenço e Vai, em fevereiro, nem na Portela, na década de 30, mas agora posso imaginar como tenha sido. Saiu todo mundo da Portelinha, Estrada do Portela afora, cantando Chico Santana, relembrando pra Oswaldo Cruz os sambas que o bairro tanto ouviu outrora.




Foi de parar o trânsito. Umas 100 pessoas atravessando a rua e recebendo o carinho dos cariocas em carros e ônibus.

Logo a frente, o busto do professor. E ali, embaixo do monumento a Paulo da Portela e abaixo de uma chuva rala pra incomodar, que se seguiu mais um turbilhão de melodias.

Retornamos à Portelinha, parando o trânsito de novo, e entramos cantando. Depois de um tempo, alguém gritou: "Vamos pra mesa da Tia Eunice!" E lá fomos, capitaneados por Edinho, reverenciar uma das pastoras da Velha Guarda. Na mesa, Waldir 59, Tia Eunice e Áurea Maria. As primeiras atenções foram pra Tia Eunice, que se emocionou e levantava as mãos, como que abençoando todos.

Quem a acompanhava pediu: "Gente, ela precisa de espaço pra arejar um pouco. Ela tá muito emocionada. Cheguem um pouco pra trás!" "Não!", respondia ela no ouvido de quem a acompanhava. "Deixa eles", completou.

Depois de incomodar muito a Tia Eunice, no bom sentido, espero, nos viramos para Waldir 59, que estava muito feliz, acompanhava tudo que puxávamos. Aí ele resolveu puxar uns 2 sambas inéditos que nós não pudemos acompanhar, mas ouvimos com muita atenção e nos deliciamos. Sem muito tempo pra descanso, o cavaquinho revesava e o samba não parava.

Em pé mesmo, se arma outra roda. Áurea Maria chega também. A essas alturas já são passado das 22h. A Portelinha começa a se preparar pra fechar. Se foram repetidos 3 sambas durante o dia todo, foi muito. E 99% foram sambas da Portela.

Quando saímos, apagamos a luz. Uma parte foi pra tendinha da frente, fazendo samba, e outra ficou na calçada. E dá-le partido alto! Só caco velho. Loré, Edinho, Dinha, Tuco, Thiago, Wlademir, Dôga, Minas, e não lembro mais quem, ou não lembro os nomes. Perdão.

Quando todo mundo foi embora, sobrou a raspa do tacho: Ronaldinho, Minas, Thiago Candeia, Wlademir e Dôga, que com a participação de outros que eu não conhecia, continuamos a fazer samba na tendinha. E dá-le partido alto!

Não fui pro Rio de Janeiro pra dormir, Léo Careca! Às 4h, com ninguém mais aguentando cantar, ou tocar, encerra-se o samba. Dali, era só esperar amanhecer, pegar um ônibus e ir pro aeroporto. Do aeroporto pra casa, pra escrever essas mal traçadas linhas. Agora é dormir um pouco.

A impressão que me deu foi de que a Velha Guarda se sentiu realizada. O propósito deles de manter viva a história da Portela e dos sambistas de lá foi concretizado. A Velha Guarda estava feliz por saber que tem tanta gente disposta a respeitar a tradição e mantendo o nome dos compositores e sambistas no seu devido lugar. Eles estavam tranquilos em saber que sua luta não foi em vão.
Agora, mais do que nunca, o samba da Velha Guarda, não só da Portela, mas da Mangueira, Salgueiro, Império, da Velha Guarda de Pixinguinha, Donga, Bide, está bem viva.

É impossível contar tudo ou transmitir a emoção. Ainda bem que André Carvalho estava junto e vai contar a visão dele dessa história.


Fotos: Artur de Bem
Áudios: Vânia Carvalho - Pranto (Chico Santana)
Velha Guarda da Portela - Vida de fidalga (Chico Santana / Alvaiade)

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Centenário de Chico Santana


Dia 22 de setembro de 1911 nascia Francisco Felisberto Santana, conhecido como Chico Santana, ou Chico Traidor.

No país inteiro, desde janeiro, tem ocorridas rodas de samba em homenagem ao mestre: Uberlândia, São Paulo (Glória ao Samba, Terreiro de Mauá e Terra Brasileira) e Porto Alegre (com o Projeto Resgate). Participei de Uberlândia, Mauá e Porto Alegre.

Dia 24 de setembro, neste sábado, haverá a última roda, na Portelinha, sede da Velha Guarda da Portela, da qual Chico Santana fazia parte.

Em breve, publicarei algum material dele. Sambas inéditos, fotos e vídeos dessas homenagens todas!


Mais informações sobre o mestre Chico Santana, podem ser obtidas no Dicionário Cravo Albin.

Mas eu prefiro este texto, do meu amigo André Carvalho, publicado no seu blog O Couro do Cabrito sobre a primeira roda, em Uberlândia.

E salve Chico Santana! Foi traído e não traiu jamais!



Samba da traição
(Chico Santana)

Quem vê cara não vê coração
Um sorriso também pode ser uma traição
Cristo também foi traído
Por Judas fingindo seu amigo
Com tanta ternura um beijo na testa lhe deu
E por trinta dinheiros lhe vendeu

Com um sorriso Cristo recebeu o beijo de ironia
Dando a impressão que nada sabia
Judas estremeceu ao ouvir sua voz:
"Existe um traidor entre nós"

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Samba do paranormal

Pressentimento
(Nermal)

Pressentimento

Em minha mente eu tenho demais
Sanidade que eu tinha, nunca mais
Depois daquele dia
Em que eu fui observador
Que a mulher que eu tanto via
Em vida me teve amor

Hoje ela pensa que estou alucinado
Mas é mentira
Já estou desesperado
Agora estou resolvido
A não enxergar mais ninguém
Porque se só eu vejo
Que graça tem?


Samba original de Mijinha

sábado, 10 de setembro de 2011

Ninguém quer essa vida, Zambi!

Esses dias, perto do meio dia, eu estava numa tendinha num morro - morro como qualquer outro, com escola, malandros e trabalhadores, muitos trabalhadores - e na tv passava uma reportagem sobre um caso policial envolvendo adolescentes de uma outra favela - favela como qualquer outra, com escola, malandros e trabalhadores, muitos trabalhadores.

Até o repórter informar de onde eram os adolescentes, não havia nenhuma manifestação estranha, além das "minha nossa" e "que barbaridade", já esperadas. Quando ouve-se a procedência dos autores, ouço um homem dizer: "Ahn... tinha que ser, mesmo!".

Como assim, "tinha que ser"? O fato dos autores do crime serem de uma favela não significa nada.

O que me espantou foi um, em princípio, morador de um morro, também favela, falar mal de outra favela, no caso, sem ser no morro.

Na teoria, o sujeito rouba por necessidade. É um problema social.
Na teoria, o sujeito que mora em uma favela carece de alguns itens de sobrevivência como saneamento básico, alimentação, água, energia elétrica...
Na teoria. Porque na prática não vive nenhum miserável que passe fome nessas localidades em especial.

Claro que o crime não foi impulsionado por uma questão de sobrevivência. Mais provável que tenha sido por uma questão de sobrevivência social. Eram jovens que praticaram os crimes provavelmente para se manter no ciclo de convivência deles.

Mas o comentário do homem sobre a reportagem foi de uma forma como se o morro onde ele estava fosse melhor - ou pior - do que a favela da reportagem. Lá tem moradores iguais aos do morro. Era o sujo falando do mal lavado.




Assim não, Zambi!
(Martinho da Vila)

Quando eu morrer
Vou bater lá na porta do céu
E vou falar pra São Pedro
Que ninguém quer essa vida cruel
Eu não quero essa vida não Zambi
Ninguém quer essa vida assim não Zambi
Eu não quero as crianças roubando
A veinha esmolando uma xepa na feira
Eu não quero esse medo estampado
Na cara duns nêgo sem eira nem beira
Asbre as cadeias
Pros inocentes
Dá liberdade pros homens de opinião
Quando um nêgo tá morto de fome
Um outro não tem o que comer
Quando um nêgo tá num pau-de-arara
Tem nego penando num outro sofrer
Deus é pai, Deus é filho, Espírito Santo é Zambi
Eu não quero essa vida não Zambi
Clementina é filha de Zambi
Eu não quero essa vida não Zambi
Ninguém quer essa vida assim não Zambi

domingo, 4 de setembro de 2011

Vou começar a cantar

Num certo fim de semana, eu estava com uma visita de São Paulo e visitei todos os pontos que pude da cidade que tocam samba, pra mostrar pra essa visita o que temos aqui.


Depois de visitar uns 7 lugares, cheguei a uma conclusão: Vou começar a cantar na noite!
Não sou afinado. Mas e daí? Parece que isso não é uma exigência pra se cantar aqui.
Nem ter ritmo. Nem seguir a melodia das músicas.

Interpretação é isso.
Foi fiel à melodia, com uma divisão e entonação perfeitas.

Mudança de melodia, de ritmo, avacalhação com a música é isso.



Não consegui perceber, nas noites de Floripa, nenhuma preocupação em estudar as músicas que se canta, a intenção do autor, o estilo da música (se é samba de roda, canção, partido alto). As tardes de Floripa estão safas da crítica. Baseado no que eu vi, basta ter vontade de cantar. Saber cantar é apenas um mero detalhe.
Foram apresentações pífias. Mesmo as músicas banais, que se cantam há 318 anos, são interpretadas de forma inexpressiva. Aliás, não há interpretação. Há uma mera exposição da música.

Aguardem! Em breve estrearei meu show!

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Falar sozinho

Sempre falei comigo mesmo. Discuto, respondo... tudo entre eu e eu mesmo.
Certa vez, tive uma discussão feia e fiquei alguns dias sem falar comigo.

Falar consigo mesmo é bom. Se não há com quem desabafar, desabafe só. Melhor ainda pros esquizofrênicos, autistas, bipolares, que podem se auto consolar, com palavras de conforto.

Quem fala sozinho é considerado maluco. Os incompreensíveis são considerados malucos. Os gênios também são considerados malucos. Muitos dos gênios que conhecemos falavam sozinhos e eram incompreensíveis.

Esses dias passei por uma pessoa desacompanhada, séria, passos firmes, trajando roupas com tamanho adequado ao corpo, limpas, completa, falando sozinha. Após um breve recesso, como quem estivesse ouvindo a resposta, tornou a falar. Percebi que as respostas não eram bem aquilo que ela desejava ouvir, pois sua expressão e tom de voz mudavam constantemente. Sempre na linha do séria. Acompanhei-a pela rua até o fim de sua conversa. Ela estava no celular, usando um fone de ouvido. Ou seja, não falava sozinha.

Aquele sujeito que você encontra pela rua, aparentemente sempre feliz, com passos irregulares, não estranho se exalar um odor de açúcar em estado sólido natural depois de fermentado, com roupas de tamanho geralmente menor do que o corpo, doadas por algum varal, já sujas, um pé com sapato e o outro descalço, costumeiramente acompanhado de um cachorro, de vez em quando fala sozinho. Ou com o cachorro, quando o acompanha. Por vezes, ouvimos somente aquilo que desejamos ouvir. A resposta que ele obtém, dele mesmo, dessa conversa aparentemente solitária deve ser satisfatória pois ele continua falando.
Esses sujeitos são profetas! Falam sozinhos e são incompreensíveis. Gênios!!

A vida ensina. E esses, por viverem somente na rua, são PHDs na vida. Sabem de tudo. Passíveis de palestrar em qualquer ambiente. Não compreendem um funcionamento da bolsa de valores, de uma faculdade ou de um computador. Mas quem disse que precisamos? Compreender a vida é e vale muito mais que isso.

Todos falam sozinhos. Ou deveriam. É um bom exercício.
Vergonha é poder roubar e não poder carregar.

Não compreendeu o texto?
Sou um incompreensível.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

O o o o... o Noel voltooo !!!

E o Bar do Noel reabre as portas!

Depois de um longo e tenebroso inverno de uma semana sem samba, o Bar do Noel reabre, sob nova direção, e já estão sendo retomadas as atividades semanais de samba.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Noel Rosa morreu! E nem completou 26 anos!

Tudo na vida tem começo, meio e fim.
Pelé foi um gênio porque, além de jogar um futebolzinho mais ou menos, era inteligente. Soube, inclusive, a hora de parar, no ápice de sua carreira, pra fechar com chave de ouro.

Ninguém é insubstituível.
Todo mundo pode ser trocado por qualquer coisa. Ainda mais no mundo de hoje, onde os itens de valor estão cada vez mais se tornando dispensáveis, meros detalhes.

Sempre falei que o Bar do Noel era o melhor ambiente da cidade e que o samba feito lá, aos sábados, era a melhor, se não única, e que nem por isso deixaria de ser a melhor, roda de samba da cidade.
O clima do buteco era muito bom. O clima da roda era muito bom. Tudo era muito bom.
Nem tudo, óbvio. Mas alguma coisa era até relevada.

Em todo lugar existe as pessoas boas e os chatos. No Noel não era diferente.
Sempre gostei dos undergrounds que andavam por lá. Até porque, desde que eu conheço aquela região (Ratclif, João Pinto), eles sempre dominavam o espaço. E o samba que era executado aos sábados é underground. Não só pelo repertório, mas pela instrumentação, o clima, a confraternização, tudo. É algo fora dos padrões, fora da moda, fora de qualquer possibilidade de entendimento das mentes sãs.

Infelizmente, com o passar do tempo, os undergrounds nativos foram deixando de frequentar naturalmente, sem desrespeito. Até aí, nada de mais.
O problema é que, recentemente, surgiram vários "donos" do espaço. Não só do bar, mas da Travessa, do samba, do sábado...
Não sei cozinhar, mas sei que se duas pessoas mexerem na mesma panela, a comida desanda.

Com grandes poderes, surgem grandes responsabilidades. Ser "dono" de um grupo musical, por exemplo, significa, praticamente, ser dono de uma empresa, onde os outros integrantes do grupo são os funcionários que fazem a empresa ir para frente. Apesar de ser um trabalho gratificante, deve-se saber administrar, pois um erro pode levar ao fim do grupo (empresa), e a consequente demissão dos integrantes (funcionários). Imagina, então, ser dono de uma empresa onde acontece semanalmente a apresentação de um grupo musical.

Devemos, sempre, respeitar os mais velhos, aqueles que chegaram primeiro. Quem é do samba, tem isso incrustrado nas veias.
Nunca se começa nada do marco zero. Primeiro, porque o tempo é cíclico. As coisas sempre se repetem. E segundo, porque sempre há uma história antecedendo a sua, e que não deve ser ignorada.
Obrigado, Seu Edson! Que reabriu o antigo Petit, ou apenas mudou de nome (não sei bem ao certo), e teve vontade, coragem, peito e responsabilidade ao iniciar algo que virou história na cidade, com o grupo Bom Partido. Uma história que respeitou o passado e deve ser respeitada no futuro.

O Bar do Noel cerrou as portas. Por tempo indeterminado. Mesmo sabendo que um dia ia acabar, assim como se sabe que depois da vida há a morte, a gente fica triste. Mesmo imaginando que o bar volte um dia, assim como volta um amigo de viagem, a gente está triste. Mesmo que o samba volte, assim como reatam os namorados, não será como era antes. Nunca é. E eu fico triste por isso.

Por isso, e pela falta de sensibilidade de alguns em não conseguir vislumbrar toda beleza que havia lá. Toda a magia. Toda a história.

Mas tudo bem. Ainda temos ar nos nossos pulmões, sangue em nossas veias, samba em nossa alma. Devemos agora lembrar dos tempos bons que passamos lá. Esquecer o passado ruim e nos reencontrarmos. Em algum samba por aí.

A gente era feliz. E sabia!

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Memória de um ladrilho

Aí vem um perdido. Droga, pisou em mim. "Tudo bem! Não foi nada. Nem doeu!" Como se ele me ouvisse.
Daqui a pouco vai começar o dia. Acho que hoje é segunda-feira, dia de movimento. Muito movimento. Odeio movimento. Odeio pessoas. E também os cachorros, crianças, pombos, sujeira, resto de comida, formigas, insetos em geral, calor, frio, vento. Odeio esses meus semelhantes que não se mexem. Ficam nessa impáfia, nessa inércia, esperando algo acontecer.

Ugrh! Droga. Não consigo me mexer. Tomara que alguém tope o dedão em mim pra eu sair daqui. É o meu sonho! E tomara que quebre uma unha.

Está amanhecendo.

Um velho para em cima de mim. Pra ajudar, tapando o sol. E eu com frio. O velho, sem se importar com o mundo que está logo ali, abaixo do seu nariz, espirra. Porque já não estava com o lenço a postos? O tempo de levar as mãos ao bolso de trás, abrir o botão, alcançar o lenço e retornar ao nariz é infinitamente maior do que um ranho leva pra sair do nariz e cair em mim.
Só espero que daqui a pouco alguém derrame uma água pra me limpar.

Conheço quase todos da cidade. Mas não conheço ninguém. Uma coisa que me deixa profundamente triste é exatamente isso: não conheço ninguém. Todos passam por mim conversando, mas nunca escuto o final das histórias. Ou o começo. Então eu misturo tudo e fico invento a vida de cada um.

Esse senhor que vem vindo, por exemplo. Todo raquítico, arcado, se tremendo, fedendo a limão, com uma bengala, não enxerga. Ele para aqui todo dia, senta o dia todo e fica vendendo cartão telefônico. Sei que ele é casado, que a mulher é dona de casa e que mora longe. Aí eu imagino que os filhos o abandonaram cedo, hoje são donos de grandes corporações e tem vergonha do pai.

Já é meio dia. Quente. Muito quente. Gente. Muita gente.

Essas duas meninas que vem vindo, ainda sem curvas, estudam no ensino médio, acham um tal de Rafael muito lindo e vivem mentindo para as suas respectivas mães. Elas devem mentir também a respeito desse Rafael. Devem também mentir uma pra outra sobre os planos que arquitetam em namorar esse rapaz. Não dou um ano pra essa amizade terminar.

Fim de tarde. Começa a esfriar. Um cobertor ninguém derruba.

Deus sabe o que faz em não me dar pernas e braços. Porque eu ia bater em muita gente, pra descontar minha raiva.

Já é madrugada. Até que enfim. Sem movimento.

Aí vem um perdido. Droga, pisou em mim.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Raspa do tacho

Foto novela do Bar do Noel de sábado.



Ao fim de mais uma roda no Bar do Noel, mas bem ao fim, eis que resta o resto.

A boa música atrai espectadores.

Até tarde.

Entre o lixo e a escória da sociedade, até o dono do bar apareceu.

Depois, todos foram embora juntos, espalhando alegria pelo Centro da cidade.


Ah, esses dias que duram mais que 24h...

A gente era feliz nessa época...

terça-feira, 12 de julho de 2011

Ginga do Mané lança seu primeiro CD


Um dos principais grupos de choro de Florianópolis, o Ginga do Mané, está lançando seu primeiro CD, dia 21 de julho, quinta-feira, às 21h, no Teatro Álvaro de Carvalho - TAC.

É o lançamento do primeiro CD autoral de um grupo de choro catarinense, com composições de Bernardo Sens, Raphael Galcer e Marcelo Portela.
O show conta com participações dos músicos Leandro Pacheco, no bandolim, Carlos Schimidt, no bombardino, Marcelo Portela, no violão 7 cordas, e Julio Cordoba, no violão 6 cordas.

A entrada é R$ 10 e o ingresso pode ser adquirido no Empório Mineiro (Lagoa da Conceição), no TAC, com Raphael Galcer (9904-2281) ou Cristovam Thiago (9948-6832).


Abaixo, trecho de dois choros do grupo.

O batutinha
(Bernardo Sens)


Ernesto chorando na polca
(Raphael Galcer)

quinta-feira, 7 de julho de 2011

O inverno é rigoroso

Hoje acordei com esse lundu, avô do samba, na cabeça.
Só por causa desse primeiro versinho.


Isto é bom
(Xisto Bahia)

O inverno é rigoroso
Bem dizia a minha vó
Que dorme junto tem frio
Quanto mais quem dorme só

Isto é bom, isto é bom
Isto é bom que dói

Se eu brigar com meus amores
Não se intrometa ninguém
Que acabado os arrufos
Ou eu vou, ou ela vem

Minha mulata bonita
Quem te deu tamanha sorte
Foi o Estado de Minas
Ou Rio Grande do Norte?

Minha viola de pinho
Que eu mesmo fui o pinheiro
Quem quiser ver coisa boa
Não tenha dó de dinheiro


E mais esses dois versos não cantados nessa versão

Quem ver mulata bonita
Bater no chão com o pezinho
No sapateado a meio
Mata o meu coraçãozinho

Minha mulata bonita
Vamos ao mundo girar
Vamos ver a nossa sorte
Que Deus tem para nos dar

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Aos mestres com carinho

Samba que eu fiz ontem, voltando da faculdade. Nada pra ser gravado ou cantado em roda. Só pra registrar.


Aos mestres com carinho
(Artur de Bem)

Venho
Humildemente agradecer
Aos professores que me fazem engrandecer

São eles que me ensinam
Que orientam meu caminho
Sem eles minha vida
Não seria nada fácil

Obrigado aos professores do Estácio

Falo de Armando Marçal, Raul e Arnô Canegal
Ismael, Manos Rubem e Edgard
Bide vou sempre reverenciar

Ao sair o resultado
E ver que o resultado não agradou
Brancura ficou maluco e Baiaco quase chorou

sábado, 18 de junho de 2011

Depoimentos para posteridade - Wagner Segura e Cláudio Caldas

Findadas as pesquisas para o TCC, tenho mais alguns vídeos pro projeto Depoimentos para posteridade.
Na conversa com Wagner Segura, o compositor Cláudio Caldas interferiu de uma forma brilhante pra contar uma boa história.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Homenagem a Nelson Cavaquinho 2

Pra entender o segundo vídeo, é necessário ver a primeira parte desse psicodélico documentário sobre Nelson.



E agora, a homenagem:



E esse é o ano do centenário de Nelson Cavaquinho.

domingo, 5 de junho de 2011

Homenagem a Nelson Cavaquinho

Parece que o Dino estava aprendendo o samba naquela hora.
Parece que o Zé Ketti estava criando o samba naquela hora.

Eu não duvido de nenhuma das duas hipóteses.



Homenagem a Nelson Cavaquinho
(Zé Ketti)

Compadre Nelson Cavaquinho
Onde anda você?
Já me disseram que deixaste de beber
O seu conhaque
Sua Genebra bem amada
Em suas mil ou mais moradas

Você cantava a noite inteira
Com a batida diferente do seu violão
E nos bares da cidade
Bebia um vinho rascante
A rouquidão em sua voz era constante (bem constante)
E na Praça Tiradentes
Cantava seus sambas pra gente
Depois saía com a viola pra lugares diferentes

A lua foi sua companheira
E hoje está de luto com a Estação Primeira
A lua foi sua companheira
E hoje está de luto com o Morro da Mangueira

Sabemos que o Brasil
E o mundo inteiro te conhece
Eu bato palmas pra você
Porque você merece
Onde anda, eu quero ver o seu parceiro
O Guilherme deve estar coroa
E aqui pra nós
A dupla é muito boa
Eu também já compus alguma coisa
Já fiz sambas com você
Se hoje sou poeta, tive muito que aprender

Enriqueceu os versos meus
O meu muito obrigado, adeus
Meu criador

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Lançamento do jornal O Amigo do Samba

Publicação digital e bimestral do Movimento Cultural @migosdosamba.com.
Mais informações nos blogs O Couro do Cabrito e Vermute com Amendoim.

Será uma publicação bimestral onde serão abordados temas históricos, novidades, críticas e outros assuntos relacionados ao nosso samba.

Nessa primeira edição, um texto meu.

terça-feira, 31 de maio de 2011

Bom Partido no Canto do Noel

Foto: Karina Gonçalves

O Bom Partido já toca no Canto do Noel, na Travessa Ratclif, há mais de um ano e eu nunca falei sobre isso aqui. Aliás, já. Mas foi um caso pontual e não foi muito bom.

O Noel é o único lugar que eu frequento. E quando digo frequento é frequentemente, quase todo sábado. Não há outro lugar na cidade que eu vá regularmente. Desde o tempo do Seu Edson, que reabriu o Petit com o atual nome, reformulou o bar e inventou de querer fazer samba lá. O clima é ótimo. É um buteco mesmo. Butiquim pra uns. Lar pra outros.
Mesmo sem samba, dá gosto ir pra lá. Com samba então...

O Bom Partido toca lá todo sábado, a partir das 13h. Não é dentro do bar. É na rua. No calçadão. Na mesa. Na roda. De graça. Com o povo. Como o samba deve ser feito. E ponto.

Quando chove não há samba. "Porque não uma cobertura móvel?", perguntam uns. "Sou contra!", retruco, quase sem esperar acabar a pergunta. Perde o charme e começa a descaracterizar o local. É samba na rua! Estar-se-á sujeito aos efeitos climáticos. Nada mais natural!

É gostoso chegar quando o samba já está acontecendo e ver aquela multidão na pequena travessa, ouvir a música e não ver os músicos. Tamanha gente que fica ao redor. Josi, Júlia e Jandira, eternizadas na parede do Noel, quase somem. Somente se infiltrando pra poder enxergar de onde vem o samba.
E é gente em pé, sentada, dançando, do outro lado da rua, no outro bar, em cima, gente que passa a pé, de carro, garçom... todo mundo junto curtindo o samba.

Legal também é chegar cedo, almoçar e curtir a roda toda.

Legal também é ver o povo todo confraternizando. Aqueles que não se vêem a tempos. Aqueles que não se vêem desde o dia anterior. Aqueles que nunca se viram. Músicos, mesmo que de estilos diferentes, de ramificações diferentes do samba, todos lá, respeitando a roda, o samba.

E para os, digamos, "alternativos" que frequentavam o local, por favor, continuem frequentando! Vocês são muito bem vindos. O espaço é de vocês. Até porque, o samba dali também é "alternativo".

Esse sábado eu vou pra lá!


E o samba tá ficando bom! Tá ficando bom!!!

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Corpo são ou mente sã?

Esses dias entrei numa discussão sobre isso, comigo mesmo, claro. Entre corpo são e mente sã, qual eu escolheria? Não demorou muito para a mente ser escolhida.

Nunca dei muita bola pro meu corpo. Tenho LER, constantes dores na nuca, ombro, costas, cotovelos, pulsos, dedos, pernas, se me curvar não alcanço o joelho, se correr por 40 segundos ininterruptos fico 40 horas ininterruptas de repouso e dizem as más línguas que eu criei barriga (ora, vê se pode!).
Uma vez eu pensei em fazer natação. Já fiz quando era criança. Dizem que é o esporte mais completo. Foi quando eu percebi que é muito mais barato ser sedentário.

Já pra ter a mente sã não custa muito. Não estou falando de escola ou faculdade. O aprendizado da rua é infinitamente superior. Não há nada melhor do que uma boa discussão sobre qualquer assunto na mesa de um bar. Já dizia Adoniran Barbosa e Carlinhos Vergueiro: "Vamos almoçar, sentados na calçada. Conversar sobre isso e aquilo. Coisas que nóis não entende nada".
A mente também se desenvolve a partir de um questionamento simples: "porque?"
Repetindo esta pergunta, que incomoda muita gente, e não se contentando com um "porque sim" ou "porque não", a nossa mente vai longe. Já diria o Telekid, do Castelo Rá-tim-bum: "Porque sim não é resposta!"

O que farei com meu corpo quando estiver velho? O corpo não estará tão são. Por mais que eu me cuide hoje.
Enquanto que a mente ficará mais sã, esbanjando saúde e transmitindo todo o conhecimento acumulado durante os anos aos mais novos.
Com a minha mente posso deixar cravado no mundo minhas idéias, opiniões, mostrar para o que vim.

Não é questão de vaidade, de querer aparecer. Todos tem um propósito nesse mundo. Infelizmente, nem todos descobrem. Também não sei qual o meu. Mas não creio que o propósito seja ser "bonito". Isso não é deixar marca. É passar pelo mundo sem utilidade. Literalmente, e somente, mostrando pra que veio, mas não sendo nada útil pra sociedade sem uma mente. O mundo passa por nós todos os dias, enquanto passamos pelo mundo uma vez, parodiando Manacéa. Temos um objetivo. Nessa única vez, usemos a cabeça e não castiguemos o cérebro.

Sócrates, Platão, Napoleão, Hitler, Einstein, Abdias Nascimento, Malcom X, Mandela, Luther King, Paulo da Portela, Candeia, Chiquinha Gonzaga, entre outras pessoas. Pro "bem" ou pro "mal", eles não marcaram o mundo por serem bonitos, mas por pensarem. E agir, a maioria.

Entre meu corpo cansado e minha mente a milhão, fico com minha mente.


Quando terminei esse texto, lembrei do meu amigo Jorge Jr.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

No ar, Rádio Alambique!

E a Rádio Alambique está de volta!
O player está no canto superior direito deste blog.

Com um porém: ele só começa a tocar quando você mandar. Não toca automaticamente quando entrar no blog.


E o meu Raidinho, logo abaixo, também no canto direito, desatualizado, permanece. Pros momentos em que a Rádio Alambique, que não é 24h, estiver desligada.

terça-feira, 26 de abril de 2011

Moacyr Luz em Florianópolis

domingo, 24 de abril de 2011

Pega o lenço e vai!



E eu me emociono toda vez que vejo esse vídeo...

domingo, 17 de abril de 2011

Mazinho e Lidinho


Diminutivo só no nome e na estatura, mas são dois gigantes!!!
É um orgulho conhecer eles!!!

Essa foto foi um presente do Márcio de Souza, esse avaiano da foto, autor do blog do Mercado Público, de onde roubei a foto porque não consegui escanear.

Foto de meados de fevereiro desse ano, no Bar Canto do Noel, durante a roda do Um Bom Partido.

quinta-feira, 31 de março de 2011

Os Oito Batutas em Florianópolis



Isso foi em 1927...

terça-feira, 15 de março de 2011

Precisamos da mídia?

Esse texto não vai apontar uma solução. Nem tenho esse poder. É apenas uma análise da mídia atual.

Eu não leio jornal, não ouço rádio, nem vejo tv, mas sei de tudo de "importante" que se passa no mundo.

O que acontece? Os jornais estão sem informações importantes para passar? Nada de importante acontece? A gente pode viver bem sem saber das informações "importantes" transmitidas?

Acho que até há pautas interessantes. O problema está na abordagem. As reportagens são feitas de uma forma muito superficial, somente com informações de assessorias de imprensa. Não há um informante secreto, repórter não se infiltra em lugar nenhum e há um profundo e irritante uso de câmeras escondidas. A mídia perdeu tanta credibilidade que, pra provar as coisas que diz, usa compulsivamente as câmeras escondidas.

A mídia tá ruindo. Quem tem twitter, por exemplo, não precisa ler jornal. A internet está acabando não só com os impressos, mas com toda a mídia. Não só pela rapidez, mas pela qualidade e credibilidade das informações.
Pode ser tão desconfiável quanto, já que não há uma agência reguladora de informação da internet, mas temos a certeza de estarmos lendo notícias com clareza de posicionamento.
O jornal O Estado de São Paulo (O Estadão) publicou um editorial durante as eleições declarando abertamente apoio ao candidato José Serra. Então quem for ler O Estadão terá certeza que está lendo matérias e opiniões contrárias ao governo PT. É um marco na nossa imprensa.

A internet está dando um banho na mídia convencional. Mas aí surgem os problemas de mídia convencional: TSE concede primeiro direito de resposta no Twitter.
E as pessoas que retuitaram a mensagem original? Seria estranho, mas nada incoerente, se todos fossem obrigados a publicar a resposta.

A mídia tem uma ligação muito forte com os políticos. As grandes corporações são donas de jornais, portais de internet, emissoras de rádio e tv, essas últimas, concessões públicas, aprovadas (ou não) pelo Congresso. A outra ligação é com publicidade governamental, grande parte da renda da mídia. E os políticos dão bola pra mídia porque ela ainda atinge a maioria da população, além de lucrarem, já que muitos deles são donos dessas empresas de comunicação.
Além disso, as corporações não tem nenhum interesse em apurar as informações corretamente ou responder as perguntas que deveriam fazer nas reportagens.

Nada disso acontece na internet.
Por não haver ligação com nenhum político (pelo menos não tão forte quanto às grandes corporações), há uma grande mudança na qualidade da informação publicada. É escancara a posição política e os blogs podem falar, tranquilamente, sobre os variados aspectos da política nacional entre outros assuntos. Aí sim com investigações, informantes, comprovações com documentos escaneados, etc. Tudo isso até que o político entre com um processo na justiça e mande fechar o blog.
E o blogueiro, twitteiro, facebookeiro, enfim, não precisa ser jornalista. Não precisa seguir a cartilha de ética jornalística como todos os jornalistas seguem (sic).

Isso é liberdade! Isso é pluralidade de informação!

A mídia está ruindo e não precisamos dela para viver. Não essa mídia.