quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Onde está o samba, que deveria estar na rua?

Oi Artur.

Meu nome é Carlos, tenho 13 anos, estou aprendendo a tocar cavaquinho, acompanho teu blog há um tempo, e queria saber onde eu encontro uma roda de samba pra aprender a tocar?

Meu tio vive me contando histórias de rodas de samba que ele fazia com os amigos em vários bares pela cidade, mas são só histórias, nada atual. Ele não sabe onde tem roda de samba hoje. Queria saber se tu sabes onde tem. Queria poder tocar com outras pessoas, ter experiência, confraternizar com outras pessoas, conhecer outras pessoas, exatamente como meu tio fazia. Ele fez muitos amigos das rodas de samba que frequentava.

Podes me ajudar?

Obrigado.


Carlos, não existe roda de samba assim hoje. Aliás, há 2 lugares que se parecem com o que estais pedindo: o Praça 11, em SJ, aos sábados, a partir das 12h, e o Varandas, na Lagoa, às terças, a partir das 20h.
Não sei como tá o Praça 11, porque faz muito tempo que eu não vou lá. E o Varandas, até onde eu saiba, é pra apresentar sambas novos, não ensinar músicos novos. Tenta.

Mas tens razão. Não existe nada assim. Só existe show, palco, platéia, intervalo, bis, fim.
Falta aquele crima legal, aquele pessoal tocando pelo prazer de tocar, a confraternização, o prazer de estar do lado de um amigo, entoando música, entortando mé, vivendo o samba!

Quem está começando a tocar, tem que aprender. Depois pede pro professor de cavaco começar a levar pras barcas pra ganhar a malandragem (da rua) das casas noturnas.

Assim eu sou obrigado a dar moral pros cariocas.
O Samba da Ouvidor é do jeito que gostamos, Carlos. Uma roda de samba, de graça, feita no povo, pelo povo e que vai para o povo em forma de arte.
Acessem, todos, e vejam o que ele fala sobre a rua.

Alguns trechos pra facilitar (os negritos são originais do blog da Ouvidor):
"Coisas da RUA, que só a RUA nos proporciona." (uma constante no blog. Parece lema do Samba da Ouvidor)
"Chama atenção, por terem pego de lá, o espírito da coisa, o valor da rua"
"A presença do Seu Itamar foi um grande presente. Coisas da rua, que só a rua nos proporciona. Sinceramente, acho impossível ver cenas como essa de hoje em casas noturnas, com cervejas a preços exorbitantes, e um público que, na minha opinião, longe de ser preconceituosa, até porque eu as frequento também, não é exatamente um público que vive e respira o samba."

Mais clima de rua, virtualmente, no blog Sambas, Boemia e Vagabundos.

Lugar de samba é na rua!


E o povo canta, junto com o Carlos: "Saio de casa e vou pra rua. A noite está pra violão" (Candeia)

3 comentários:

Gabriel da Muda disse...

Pois é Artur.

Muitos gostam de criticar nosso trabalho, por não tocarmos certos tipos de músicas. Nos chamam de radical, preconceituosos... e dessas coisas que quem não tem argumento para debater acaba nos chamando.

O engraçado, é que essas pessoas, estão pela Lapa, se apresentando para um público totalmente restrito. E querem fazer discurso que samba tem que ser cantado por todos?

Então por que as bestas não vão para o meio da rua, sem ganhar um puto, para fazer o povo cantar?

Obrigado pela sitação, fico feliz em saber que minhas sinceras palavras tocaram em você.

Abraço grande!

Dôga disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
Dôga disse...

É..
acho q floripa é amaldiçoada mesmo!
cidade onde tudo começa e acaba, e ngm se lembra de nada..
tentamos e iremos tentar fazer samba nas ruas e td mais, mas será complicado, cidade cada vez mais cara, mais elitizada e que tende a ficar pior ainda.. onde nao se tem o habito das ruas.
Eu, por exemplo nao encontro um bar para madrugar no centro da cidade, e mesmo no morro, 23h tudo fechado.
Ainda nao se tem aqui o habito de fazer samba de modo livre, expontaneo, sei la. Parece q todos se prendem a algo e o samba se resume a um unico interesse, ficando ali, encarcerado.
Mas, iremos tentar. Diz aí Artur.
Parabéns ao Gabriel da Muda e o Samba do Ouvidor que são exemplos de Samba puro e verdadeiro.

Candeia vizionario como poucos: "disseram que compraram o morro, estao derrubando os barracos de zinco.."