segunda-feira, 29 de junho de 2009

Sexta-feira no Mercado Público

Estive, nesta sexta-feira, no vão central do Mercado Público com um amigo. Vou omitir o nome para preservar sua credibilidade.
Podem rir, mas afirmo, com a mais absoluta tranquilidade, que foi uma das melhores sextas-feiras que eu tive nos últimos meses.

Gente estranha, música ruim, som problemático, mala, bandido, mulher feia, mulher bonita, cerveja gelada e refrigerante tem em tudo que é lugar. Mas no Mercado parece que essa junção toda não fica tão ruim. Fica até legal. Acho que é porque todos esses itens nós encontramos em um butiquim qualquer. E o Mercado é um butiquim em grande escala. E o clima bom de um butiquim mantém a proporção.

Foi uma noite agradável. Um velho conhecido nos pagou uma cerveja, embora eu não beba, depois esse mesmo velho conhecido sentou conosco à mesa, dividiu mais uma, e se tornou um novo amigo. Bêbados dançavam ao som da música ruim, homens procuravam alguém para esquentar seus pés, apenas por aquela noite, prostitutas faziam o seu trabalho, malas transitavam pelas mesas, e eu até fui paquerado por uma pretinha da mesa ao lado. Alguém pode dizer: "só faltou fazer chover". Não faltou nem isso, porque choviscou um pouco, o que nos obrigou a sentar junto a mais outras 2 mesas, de mais outros velhos conhecidos.

É claro que as sextas-feiras no Mercado Público não são aquelas sextas-feiras da época em que eu não frequentava, mas já encontrei um lugar pra ir quando sair do trabalho.

sábado, 27 de junho de 2009

Plágio

Na postagem que eu fiz sobre plágio, muita gente disse que a postagem deu a entender que o samba da Portela parece um samba da Copa Lord. De fato. Relendo percebo que dá essa impressão.

Na verdade o samba da Portela parece muito com um samba da Velha Guarda da Coloninha.
É que foi tão automático pra mim, quando ouvi o samba da Portela, que achei que outras pessoas sentissem o mesmo que eu. Parece que não.

Já fiz essa retificação na postagem original também, e também explico nessa postagem nova.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Memória

Eu, enquanto historiador, fico muito triste com as notícias que recebi nos últimos dias:
O fim do Bar Cine York (o Cine já tinha fechado há mais tempo)
O fim do jornal O Estado (a morte já era anunciada, mas o estado do fim do O Estado é que é triste)
E a situação da Biblioteca Pública Estadual.

Li no Blog do Moacir Pereira sobre a situação da Biblioteca.

O elevador continua sem operar. Os ladrilhos estão caindo. Os jornais não têm proteção. O mais rico acervo, com obras do século XVIII, está sem climatização.

Agora, o pior: na semana passada, um defeito no sistema hidráulico, provocou enchente parcial. As águas atingiram jornais e revistas no terceiro andar.

Na segunda-feira, a Biblioteca Pública foi interditada. Informa-se que os jornais molhados seriam enviados para o lixão.


Pra quem ainda queria ver alguma coisa do jornal O Estado, pode ser que agora não veja nunca mais.

Eu já fui algumas vezes pesquisar coisas nos jornais antigos da Biblioteca.
Em teoria, seria necessário usar luvas pra proteger o jornal de contatos com a pele. Mas eles não tem luvas. Fico sem ler o jornal? Não. Fico sem luva e leio do mesma jeito.


O estado do jornal O Estado está sendo divulgado em vários blogs: Moacir Pereira, César Valente, Celso Martins, Alexandre Gonçalves, Carlos Damião, Alessandro Bonassoli, e acho que só.
Meu chefe e a minha mãe já trabalharam no jornal O Estado. Meu chefe foi diagramador e a minha mãe foi revisora. Puxando do baú ela lembrou que até já fez 2 ou 3 matérias. Até ela já foi jornalista. E não tem diploma. Isso nos idos de 1970.
Quando contei pra ela que a função de revisor não existe mais, ela lamentou. Eu também. Os leitores também. É muita matéria sem começo, meio fim, sem pé, sem cabeça, sem informação, sem nada.
Sinto falta de um revisor sem nunca ter trabalhado com um.


Já o Bar Cine York fechou as portas. Mais um espaço que guarda(va) a memória da cidade de São José se indo.
O Cine York já tinha fechado há mais tempo. Dessa vez foi o Bar.
Uma das justificativas para o fechamento do bar é a manutenção do espaço. Estava ficando inviável.
Eu quase choro quando passo por lá, vejo a faixa de "Vende ou aluga", e lembro dos poucos momentos que estive lá, fazendo um samba, imagina o Seu Catonho Gerlach, um dos donos do espaço.


Eu quase choro com essas informações, com o fato de que o Museu de Imagem e Som está em estado de depreciação também, que pessoas estão deixando esse mundo e ninguém dá a mínima, que ninguém pensa em guardar a história da cidade.
Até pensam, mas ninguém coloca em prática.


E o povo canta: "Quem é que não se lembra da jaqueira. Da jaqueira da Portela. Velha fiel amiga e companheira. Eu sinto saudades dela" (Zé Ketti)

Saxofone de Proveta é prematuro

Não contive o trocadilho...

Um dos maiores saxofonistas e clarinetistas do país, Nailor Proveta, estaria em Florianópolis para o pré lançamento do seu cd Brasileiro Saxofone, mas ele ficou doente.

Segue informação do Luiz Sebastião:

Queridos amigos...

O que temos pra informar é sério e muito triste...

O proveta nos telefenou e informou que seu estado de saúde é grave e necessita de tratamento urgente.

Há algum tempo ele vem sentindo fortes dores nos braços (tendinite) após passar algum tempo tocando. Sua médica pediu para ele fazer repouso absoluto e esperar algum tempo antes de voltar a tocar (este tempo é que não sabemos o quanto vai ser). Como a apresentação seria na semana que vem dia 03 de julho, resolvemos cancelar esta data e adiar a apresentação para uma data futura quando ele estiver recuperado.

Por isso pedimos desculpas aos amigos que ajudaram na divulgação do evento, e gostariamos que este comunicado de cancelamento fosse repassado aos seus contatos.

As pessoas que por ventura tenham comprado o seu convite, por favor podem trocá-lo novamente no local da compra.

Pedimos desculpas à todos...

No momento pedimos aos amigos que torçam pela rápida recuperação desta pessoa maravilhosa e músico extraordinário:
N
ailor Proveta

Muito obrigado

L
uiz Sebastião

domingo, 21 de junho de 2009

"Vive melhor quem samba!"


Isso é Antônio Candeia Filho, o maior sambista de todos os tempos. Ponto.

E o autor de sua biografia (Candeia - Luz de um vencedor), João Baptista M. Vargens, estará em Florianópolis para o lançamento da 3ª edição do livro.

O lançamento já foi realizado em várias outras cidades do país. No Rio de Janeiro o acontecimento foi acompanhado por Cristina Buarque e Terreiro Grande. O vídeo de cima não é deste evento especificamente, mas de um outro show, em homenagem ao Mestre!
Aqui o lançamento será dia 28, domingo, junto com o aniversário de 12 anos do grupo Um Bom Partido, no restaurante Praça 11, em São José.

O livro vem acompanhado de um cd com 23 músicas inéditas, 5 na voz do próprio e outras na voz de outras pessoas, como Cristina Buarque.
O livro todo é uma obra prima.
Ainda não o li, mas sei que tem ilustrações de LAN, Nei Lopes, e a orelha é de Sérgio Cabral, pra mim, o papa do samba. Se Sérgio Cabral recomenda, eu sigo de olhos fechados, correndo, sem piso guia e sem bengala de apoio.



Eu digo e até posso afirmar: vive melhor quem samba!

Vou pela rua cantando e o clarão da rua vem ornamentar
Sim, vou levando alegria pra Dona Tristeza alegre ficar
Abra a janela do peito e deixe o meu samba passar
Samba não tem preconceito e já vai te libertar
A liberdade dos prantos e dos desencantos que a vida nos deu
A liberdade que canto é amor e esperança pra quem já sofreu
Cada qual que olhar para trás verá que sempre há uma razão de viver
Quem guerreia pela paz, a verdadeira paz nunca há de ter

Cantem todos como eu faço, perdoem os fracassos. A vida é tão curta! Enquanto se luta, se samba também
Noite fria, enluarada, fim de madrugada, feliz vou cantando, cantando a alegria que o samba contém

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Sou jornalista!

Ainda não me formei, mas o STF antecipou pra mim. Não é mais obrigatório o diploma, logo, sou jornalista!

Qualquer um já se dizia sambista, porque não há um diploma de sambista, agora qualquer um vai se dizer jornalista. Que merda...

sexta-feira, 12 de junho de 2009

terça-feira, 9 de junho de 2009

Proveta

SERÁ?????
SERÁ?????
SERÁ?????

Será que
Nailor Proveta, o maior clarinetista da atualidade, voltaria a Floripa este ano, este semestre????

SERÁ?????
SERÁ?????
SERÁ?????


Proveta esteve no Floripa Instrumental, no Ribeirão, elogiado até as últimas por quem presenciou o evento.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Estúdio de gravação por R$100 ao ano


É isso mesmo. E parodiando a slogan de uma empresa de telefonia nova em SC, simples assim.

Tem gente que vem falar comigo e duvida que seja "de graça".
Pra quem está em dia com a Ordem, é "de graça".

Você paga a anuidade da Ordem, corre o risco de conseguir aposentadoria como músico, auxílio 
médico, odontológico, funeral, etc (que ainda estão no projeto).

Mas só pelo fato do músico ter um estúdio de gravação disponível "de graça" (que já está em prática, lá em Biguaçu), já seria argumento suficiente pra fazer parte da Ordem.

O que o povo mais reclamava antigamente, e com razão, era que o músico não
 tinha vantagem.
Hoje o músico tem a sua disposição um estúdio de gravação!! Não é vantagem?
Qual músico não sonha em ter seu cd?

Eu juro que não entendo esse pessoal que tem raiva da Ordem, reconhece o esforço do Machadinho, tem um estúdio disponível, e nem sequer cogita a idéia de conversar com o Machadinho, como eu sei que alguns já o fizeram e gostaram da conversa.


Estúdio
Pra usar o estúdio é simples. O músico faz um projeto que deve conter itens básicos como: lista das músicas, lista dos músicos, registro das músicas, etc. Coisas óbvias, solicitadas por qualquer estúdio de gravação. Na Ordem não será diferente. Mas os músicos não querem cumprir esta pequena solicitação da Ordem.


Crédito das fotos: Artur de Bem

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Cultura


Foto: Artur de Bem

Alguns representantes da cultura de Florianópolis estão se reunindo de quando em quando para tentar melhorar o quadro da cidade.
Ontem a noite houve uma dessas reuniões.

Uma das pautas da conversa foi o Conselho Municipal de Cultura.
O projeto de lei que trata do Conselho está para ser aprovado na Câmara.

O Conselho é formado por 15 representantes da sociedade civil (povo) e 15 representantes governamentais (secretários, etc.), que serão indicados a partir da Conferência Municipal de Cultura, convocado pelo prefeito.
Pra que esses 15 representantes da sociedade civil (povo) sejam indicados, é necessário um Fórum Municipal da Cultura, convocado pela própria sociedade civil (povo).

Pelo que disseram na reunião, e se não me engano, o presidente Lula está para sancionar (assinar), nos próximos dias, o Plano Nacional de Cultura. Aí os prefeitos terão que convocar a Conferência pra que tudo funcione bem em suas cidades.

Só que tudo isso (Fórum, Conferência e Conselho) já pode, e deve, estar pronto quando o presidente sancionar o Plano. Aí será formado o Plano Municipal de Cultura, que terá as diretrizes (caminhos) a seres seguidos para que a cultura em Florianópolis vá para uma direção diferente da que está indo hoje.

É burocrático, é chato, é cansativo. Pra quem não conhece, não deve estar entendendo nada do que eu to dizendo, apesar de eu tentar ser claro, porque quando eu também não entendia nada, também achava chato, cansativo e burocrático, mas é assim que deve funcionar.

Cultura não é só "oba oba". É necessário um pouco de trabalho também.


O que é um Conselho Municipal de Cultura? Pra que serve?
O Conselho, o próprio nome já diz, serve para dar conselhos ao prefeito. O Conselho que está pra ser aprovado é consultivo (pra ser consultado sobre determinado assunto), normativo (não sei explicar) e deliberativo (tem o poder de sugerir ações (cobrar) ao prefeito).
O Conselho serve para cuidar da cultura na cidade. Propor melhorias ao prefeito, criar ou sugerir campanhas culturais, criar um cadastro das entidades culturais, etc, etc, etc.
O projeto de lei, onde diz tudo isso e mais um pouco, pode ser consultado aqui. É simples.

Glossário
Plano - lembram do Scooby-Doo, quando a Welma dizia: "Gente! Tenho um plano!" ? Então... nada mais é do que uma idéia, só que colocado no papel pra que seja seguido.
Projeto - algo que ainda não é concreto. Pra se fazer uma casa, é necessário um projeto arquitetônico, por exemplo.
Projeto de lei - uma lei ainda não concretizada. Pra se concretizar, é necessário ser aprovada pela Câmara Municipal e pelo prefeito.
Câmara Municipal - local de trabalho dos vereadores.
Conferência - reunião solicitada pelo prefeito.
Fórum - reunião solicitada pelo povo.

Eu não fiz isso pra subestimar a inteligência de ninguém, mas é que quando eu não entendia nada, não gostava de ler textos com essas expressões. Me perdia todo. Mas é tudo muito simples.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Plágio

Antigamente as escolas de samba daqui desfilavam com sambas do Rio, do ano anterior.
Com o tempo, o pessoal daqui colocou na cabeça que poderia compor. E compunham, realmente.
Alguns, malandros, tinham contatos com sambistas do Rio e iam frequentemente para lá. Como eram 1 ou 2 que o faziam, eles voltavam, vez ou outra, com um samba existente em alguma escola no Rio, e um pouco da letra alterada pra colocar o nome de suas escolas de Floripa.
Atitude ilícita ou malandragem? Talvez os 2.

E isso é (de)mérito de todas as escolas.
Dizem, até, que o hino da Copa Lord é plágio. Só que nunca conseguiram provar. Talvez por não conseguirem, talvez por respeito ao mestre Avez-vous.

Só que esses dias eu ouvi um samba que me soou familiar. Samba "Devagar" de Noca, Colombo e Edir, lá da Portela, gravado no álbum Portela 71.


Pode ser só impressão. Mas esse samba me lembrou um samba que a Velha Guarda da Coloninha canta.

Mas isso é comum. De vez em quando eu ouço um samba e me lembro de outro sem ser plágio um do outro. As vezes 1 compasso igual já me faz lembrar de outro.


Historinha
Sinhô é famoso pelo samba "Jura", mas famoso também por brigas e intrigas entre os outros sambistas da época, e por acusações de roubos e plágios de sambas.

Se não me engano esse caso foi com ele, Sinhô, autoproclamado Rei do Samba.
Quando alguém aparecia no buteco com algum samba novo, ele ficava com o sujeito cantando o samba novo por várias e várias vezes, enquanto um amigo ficava num biombo, escondido, escrevendo a partitura do samba. De lá eles saíam pra registrar o samba e o verdadeiro compositor ficava no bar, bêbado.

Outra historinha
Mano Edgar, também fundador da Deixa Falar, é autor de uma batucada famosa nas rodas de samba do Estácio: “Quando eu morrer / Não quero choro nem nada / Eu quero ouvir um samba / Ao romper da madrugada”

Em 1933, Noel Rosa “tirou cola” do samba e compôs Fita Amarela, que faz sucesso até hoje: "Quando eu morrer / Não quero choro nem vela / Quero uma fita amarela / Gravada com o nome dela"

Mas, no ano anterior (1932), Donga e Aldo Taranto já haviam feito o mesmo compondo o samba Quando Você Morrer, com a seguinte letra: "Quando você morrer / Juro que não vou chorar / Vou procurar quem me dê / O que você não me dá"

Donga, ao ouvir o samba nas rádios, foi aos jornais e acusou Noel de plágio. Mano Edgar, o verdadeiro autor, já estava morto: foi assassinado na véspera do Natal de 1931, em um jogo de ronda. E morto não fala.
Fonte:
Turma do Estácio