sábado, 1 de novembro de 2008

Crônica de futebol - jogo do Avaí

Trabalho da faculdade.
O professor pede para cobrirmos o jogo do Avaí. A minha sugestão de pauta era cobrir o jogo vendo a transmissão pela tv em algum butiquim.
Não fiz notícia, só saiu em forma dessa crônica.
É a segunda vez que o tema futebol vinga no blog. Mas é que eu gostei do texto. Meio louco, confesso, mas gostei!


Se a noite é uma criança, os bares deveriam fechar às 18h, porque lugar de criança não é em bar.
Bar é um lugar sagrado. Principalmente em uma sexta-feira de tempo bom. Cervejas, petiscos, mulheres, mendigos, prostitutas, 3 televisões e um jogo de futebol à vista. Menos a conta, que pode ser pendurada.
Dói ver um jogo desses. A tv fica na parte de cima de um pilar. Ao fim da partida a nuca reclama do jogo.

Com 30 minutos de jogo os ânimos começam a se alterar. "Marquinho! Desce uma latinha de Antártica bem gelada!"
Os que estão em pé, na geral, já não prestam muita atenção no jogo. Começam os palpites, as sugestões para os jogadores. E não tem problema se eles não podem escutar. Também não escutariam se pudessem.
Fim do primeiro tempo e o jogo está truncado. Zero a zero. O bar é que continua aberto. E assim permanecerá até que o alvará de soltura das excelentíssimas permita.

Segundo tempo. A torcida ainda chega ao templo.
São torcedores, mas nas horas vagas são prefeitos, presidentes, advogados, juízes, poetas, profetas. No bar você pode ser qualquer um. O espaço sagrado te dá espaço para tudo isso. Diploma? Eles são formados na vida, no bar.
Amigos desde pequenos, mas ninguém sabe o nome de ninguém. É um tal de Zé, Alemão, Negão, Barba, Barriga, Maluco, Tim Maia, Chico, Irmão... E assim eles se entendem.

Os olhos vidrados no vidro do monitor. Lá do canto vem o recado. Milissegundos de silêncio. Um silêncio sábio de quem sabe o que se segue. Depois da calmaria vem a tempestade: GOOOOOLLLL!!!!
Gritos de alegria! Agora sim! Sobra abraços até pro secador. E deveria ter vários. Em um jogo como esse não houve chuva.

Os secadores estavam fazendo seu trabalho. Sem chuva o time não desenvolve bem. Empate.
Os mesmos palavrões que antes eram usados como forma de elogio, de incentivo, agora são usados para denegrir.

Uma vitória não é completa se não tiver aventura, emoção.
Eis que surge o jogador que vai levando a bola com classe e fuzila o arqueiro.
E vem a chuva. Salgadinhos, cerveja, tudo vai pro ar. A festa está completa. Logo chegam os cantores e o hino é entoado. Todos cantam, batem palma.

Curta, mas intensa, a festa termina quando termina o jogo.
90 minutos de jogo e 5 minutos para pagar a conta e terminar de comemorar no lar.

"Marquinho! Me trás mais um guaraná, porque eu to indo pra casa!"

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