quarta-feira, 28 de maio de 2008

Pra tudo se acabar na quarta-feira

Só porque estou com este samba na cabeça faz dois dias.

Um dia, discutindo comigo mesmo, como de costume, surgiu o assunto Quarta-feira de cinzas.
Lembrei de um samba que falava sobre esta data. Aliás, vários sambas. Mas me veio na mente este em especial. É um baita de um samba que nunca mais coloquei um cd, mp3, ou vinil pra ouví-lo, e ninguém canta nas rodas de samba.
Fui cantarolando uns pedaços que eu lembrava. De vez em quando a melodia ia se acomodando na mente e eu ia lembrando do resto. Foi 1 dia pra lembrar o samba todo. E mais 1 dia cantando, feliz, depois de ter relembrado, e feliz por estar cantando.
Este samba, bem interpretado, faz chorar. Lindo!



Pra tudo se acabar na quarta-feira
(Martinho da Vila)

A grande paixão
Que foi inspiração
Do poeta é o enredo
Que emociona a Velha Guarda
Lá na comissão de frente
Como a diretoria

Glória a quem trabalha o ano inteiro
Em mutirão
São escultores, são pintores, bordadeiras
São carpinteiros, vidraceiros, costureiras
Figurinista, desenhista e artesão
Gente empenhada em construir a ilusão
E que tem sonhos
Como a velha bahiana
Que foi passista
Brincou em ala
Dizem que foi o grande amor do mestre-sala

O sambista é o artista
E o nosso tom é o diretor de harmonia
Os foliões são embalados
Pelo pessoal da bateria
Sonho de rei, de pirata e jardineira
Pra tudo se acabar na quarta-feira

Mas a quaresma lá no morro é colorida
Com fantasias já usadas na avenida
Que são cortinas
Que são bandeiras
Razões pra vida tão real da quarta-feira
(É por isso que eu canto)

3 comentários:

Willian Tadeu disse...

Esse samba é maravilhoso. Eu amo a gravação original, do disco de 1984. Sem dúvidas, um dos melhores sambas na lista de sambas maravilhosos da Vila Isabel.

Os três primeiros versos são geniais: "a grande paixão / que foi inspiração / do poeta é o enredo". É possível ser entendido de 4 maneiras diferentes dentro desse enredo. Coisas do gênio Martinho da Vila!

CLÁUDIO CALDAS disse...

É genial mesmo e um bela lembrança. Vamos fazer côro pro pessoal executar pelaí irmao?
Um abração.

Sandro Roberto disse...

Quando escrevi o enredo da Consulado, na confecção do book usei trechos deste samba para fazer a homenagem especial aos anônimos do carnaval... É uma obra-prima!