sábado, 16 de fevereiro de 2008

Partido alto

Partido alto é a expressão mais autêntica do samba!

Samba de partido alto, em algumas formas existe uma grande semelhança com a música nordestina, com os repentistas nordestinos. Porque o samba de partido também tem aquela forma da improvisação. A improvisação que vai nascendo não só sobre o tema (refrão), mas também sobre o ambiente, sobre o clima que vai se criando aos poucos.

Existem diversas formas de partido alto, variando, entretanto, no número de versos: versos de quadra, versos duplos. Depois o partido se extendeu de uma tal maneira que ficou sendo o que hoje é considerado a primeira parte de um samba. Os sambas de antigamente não tinham segunda parte. Era uma espécie de partido: era uma só, a primeira, onde os versos eram improvisados.

Havia na Portela uma forma de partido muito diferente do que se tem feito hoje em dia, que, por sinal, não se faz mais: era um partido que se identificava pelo som de um cavaquinho, pelo instrumento de um prato, e se formava a roda de samba sem refrão. Era somente o cavaquinho fazendo aquela sonorização e os ritmos, que iam se aderindo ao espírito do trabalho que se pretendia fazer.

Nós tivemos no partido alto passos diversos: o miudinho, o amoladinho e uma forma de dançar o partido, com as mãos na cadeira. A cabrocha entrava na roda se requebrando, se rebolando com as mãos na cadeira.

(Antônio CANDEIA Filho)


A roda de partido é um momento de liberdade. O partideiro, mesmo, tira o verso de improviso como faziam João da Gente, Alcides, Aniceto do Império, Candeia e tantos outros. Hoje, como não há mais essa obrigação, qualquer um pode dizer seu verso, mesmo decorado.

Quando menino, eu via no partido uma forma de comunhão entre a gente do samba. Era brincadeira, a vadiagem, onde todo mundo participava como podia e como queria. A arte mais pura é o jeito de cada um. E só o partido alto oferecia essa oportunidade.

O samba tem, hoje, muitos compromissos, que reduzem a criatividade dos sambistas aos limites ditados pelo grande espetáculo. No partido, porém, tudo acontece de um jeito mais espontâneo. Por isso sempre haverá partideiros. E o verso, de improviso ou não, refletirá as verdades sentidas em cada um.

Vamos vadiar?

(Paulinho da Viola)

Textos retirados do documentário Partido Alto.


Baseado nisso eu os convido para irem na praçinha da Lagoa da Conceição, toda terça-feira, a partir das 21h.

Raphael Galcer e Bernardo fazem uma roda de choro com violão e flauta. Após a roda de choro tem início uma das melhores rodas de partido alto que eu já frequentei! Da forma como Candeia e Paulinho ditam: uma gostosa brincadeira entre os partideiros, feita no improviso, livre para qualquer um participar, do jeito que pode: versando, dançando, tocando, cantando apenas o refrão, enfim.


E o povo canta um dos partidos mais difíceis de se versar: "Ô limoreiro, ô limão. Ô limoeiro, ô limão. Tanta laranja madura limão, derramada pelo chão." (Manacéa)

Um comentário:

Dôga disse...

ÔOO tempo bom!!!!