domingo, 10 de fevereiro de 2008

Jornalismo e Samba

"O chefe da polícia, pelo telefone, mandou avisar que na Carioca tem uma roleta para se jogar" (Mauro de Almeida)

Sim! Esta frase é do Jornalista Mauro de Almeida. Uma paródia do Samba de Donga: "O chefe da folia, pelo telefone, mandou avisar que com alegria não se questione para se brincar".

A paródia ficou tão famosa quanto o Samba original. O resultado foi a junção dos 2 e a divisão da autoria. Hoje se canta das 2 formas e quem assina é Donga e Mauro de Almeida.

O Jornalismo e o Samba sempre estiveram intimamente ligados.

O inventor do desfile das Escolas de Samba foi o Jornalista Mário Filho.

Almirante foi Jornalista, radialista.
Noel Rosa foi radialista.
Ary Barroso foi apresentador de televisão, radialista, narrador.
Sérgio Cabral, meu Papa, maior pesquisador de Samba, é Jornalista e compôs alguns sambas.
Pretendo manter esta linhagem nobre, emaranhando Jornalistas e Sambistas.

Jornalistas até são "homenageados" em alguns sambas:

Verdade aparente
(Gisa Nogueira)

Pra quem gosta de cachaça
Toma uísque muito caro
Pra quem diz que é do subúrbio
"Luna bar" fica distante
Pra quem prega a todo instante a justiça social
Tá ganhando muita grana e investindo capital
É melhor deixar de extremos que já tá pegando mal

Que verdade é essa que você conta pra gente
Na verdade a verdade é geralmente aparente

Você me diz que detesta ser notícia de jornal
Mas quando vê jornalista fica perto e coisa e tal
Dita as regras do jogo, mesmo sem saber jogar
Freqüenta escola de samba, mas só curte a classe A
Bom crioulo só tem vez quando for pra impressionar

Que verdade é essa que você conta pra gente
Na verdade a verdade é geralmente aparente

Critica, implica, explica
Enreda, remeda e conserta
Agita, atiça e fuxica
Futrica, complica, intriga e entrega
Manobra a obra e cobra os louros daquilo que você não fez
Você parece com cobra que ataca de bote e mata de vez

Que verdade é essa que você conta pra gente
Na verdade a verdade é geralmente aparente

Acende uma vela pra Deus e uma outra pro diabo
Aos domingos vai à missa
Sexta-feira faz despacho
Diz que o feijão ta caro, mas só come feijoada
Teu problema é de fachada
É de cara mascarada
Tá sempre em cima do muro
Esperando uma virada


Sinal aberto
(Casquinha)

Pode dizer que meu samba é sambinha
Pode me meter o malho
Enquanto você diz que meu samba é sambinha
Encontra matéria para seu trabalho

Mocinho bonito que quer ser locutor
Quer ser jornalista e até produtor
Espera o crioulo do morro errar
Pra ir pra coluna do jornal malhar

Aponta um erro insignificante
Ficando famoso e até importante
Esquece de que “nego” é chefe de “famia”
Que tem cinco “fio”, “muié” e três “fia”

Errei desta feita pra você corrigir
Juntar sua patota e ficar a sorrir
Dizendo que o “nego” de fato é boçal
Pra ele não tem singular nem plural

E ficam metidos a intelectuais
Se chegam a jurados de televisão
E esquecem de que se não fossem os boçais
Jurado aqui não era profissão

Mas quando chega fevereiro
Pra encher seu baú de dinheiro.
Freqüentam os ensaios com pinta de bamba
No meio dos “criolos” da escola de samba.


Extra! Extra!
(Guilherme Partideiro)

Andei sabendo que um nego, o maior metido
Semana passada tinhase envolvido
Num rolo pra lá de federal
Homem de boa pinta e metido a sambista
Maior matador, era o topo da lista
Empinava a crista, era o rei do local

O povo mal acreditou quando viu o farçante
Passando batom e de saia excitante
Com bastante prazer
É notícia anual

Extra! Extra!
É manchete de jornal
O malandro virou moça
E nem era carnaval

Poxa
A decepção tomou conta do morro
Tentava explicar, mas só tomava esporro
Fugiu dos amigos de azaração
Deu pena
Eu sei que o problema do nego foi duro
Mas quem mandou ficar em cima do muro
Querer morder fronha e posar de gatão

O pior é que agora acabou-se o reinado do moço
Nem gata e nem macho, é só fundo do poço
E uma foto estampada em primeira edição

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