segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Sambistas soltam a voz e criticam Escolas de Samba

Nas comemorações do Dia Nacional do Samba, ocorridas em Florianópolis (30/11) e São José (02/12), os sambistas soltaram a voz pra cantar e aproveitaram o momento pra fazer críticas sobre o fato de “importar” sambistas cariocas.

Histórico
Em 2006 a Embaixada Copa Lord abriu, pela primeira vez, um concurso de samba enredo. Para a final estavam concorrendo 4 sambas. Um deles era de um carioca, Mará. Antes do concurso havia um boato de que o samba já estava escolhido, iria ser o carioca. Marçal do Samba, Rafael Leandro e Guilherme Partideiro, integrantes do Grupo Número Baixo, que concorriam em parceria, levaram um grandioso número de pessoas para torcer por eles. Diante da festa, a diretoria da escola se viu obrigada a, pelo menos, incluir o refrão do trio no “samba já escolhido”, e unir os 2 sambas.
Este ano a história foi semelhante. O trio estava concorrendo de novo e, de novo, havia o samba carioca na disputa. Só que o trio foi cortado pela diretoria dias antes da final e venceu o carioca, sozinho desta vez. Nas declarações do presidente, Jacaré, não haverá mais concurso, pois se desapontou com a baixa qualidade das composições e por se incomodar demais com o concurso.
Na Consulado houve o fato de maior repercussão. Reza a lenda (ou seja, as informações daqui por diante divulgadas são impressões do autor, daquilo que foi lido em jornais e conversado em rodas de conversas) que o samba escolhido pelos jurados não foi o escolhido pela diretoria da escola para ser o vencedor. Como a diretoria fala mais alto, venceu um samba de uma compositora desconhecida até então. Ao procurá-la, descobriu-se que era uma carioca. A revolta dos integrantes foi tamanha que, entre umas ameaças de saída da escola e outras, a diretoria voltou atrás e escolheu um samba florianopolitano porém, alterado. A escolha não agradou e os desligamentos da escola continuaram.

Presente
Há algum tempo há, implicitamente, um movimento pra fortalecer o samba local. Os grupos Bom Partido e Número Baixo são alguns exemplos. Um dos ideais desses grupos é cantar sambas feitos na cidade, por compositores da cidade.
A Associação dos Sambistas da Grande Florianópolis (ASGFLO) surgiu com, entre outras finalidades, esse propósito: de congregar e exaltar os sambistas locais.
O movimento se fortalece a todo instante ganhando apoios cada vez mais explícitos de Jeisson Dias, André Calibrina, Maria Helena, Vicente Marinheiro (estes 3, por sinal, nascidos no Rio de Janeiro), Sabaráh, Vlademir Rosa, Rachel Barreto, Celinho da Copa Lord, etc.
O surgimento das Velhas Guardas das Escolas de Samba é outro exemplo do reflexo desse movimento. Senhores que não iam mais ao samba, hoje sobem ao palco, cantam e são aplaudidos. A União das Velhas Guardas é outro exemplo.
O Projeto Cultural Mantendo as Tradições é outro exemplo deste movimento. Com o propósito de cantar sambas locais, incentivar músicos, compositores, cantores, o Projeto seque para o terceiro ano de existência, com suas próprias pernas. Perna de gente bamba.
Enfim. Exemplos de música de qualidade não faltam. O que falta é coragem de dizer: eu aplaudo músico de Florianópolis.
Gostaria de agradecer à Consulado por nos ajudar a fortalecer este movimento de cultuar os sambistas locais.
E pra constar: não temos nada contra os sambistas cariocas. Nem poderíamos. Só não vemos necessidade de trazê-los percebendo a vasta qualidade dos nossos.

E o povo um dia vai cantar sem medo: “O samba lá em Floripa é lindo / E saiba, também é batido na palma da mão / O povo recebe você sorrindo / E só de pensar na partida dói o coração” (Adilson Bispo, Lula Matos, Anderson Baiaco) – Cariocas.

Um comentário:

Anônimo disse...

Muito bom texto. Esta denúncia deve ser repetida sempre em todos os canais disponíveis.
O Dia Nacional do Samba em Floripa e Região só tende a crescer. A população começa a se informar e a participar.
Nada pode fazer esse movimento esmorecer, e importar samba, seja de onde for, não faz o menor sentido.