terça-feira, 11 de abril de 2006

Alô alô continente, aquele abraço

Eu moro na comunidade do Morro do Geraldo, em Capoeiras, um dos maiores bairros de Florianópolis, e o maior do continente.
Grandes coisa, o continente está abandonado.

Asfaltaram algumas ruas, estão construindo o elevado da Ivo Silveira. Legal. Quero ver se vão continuar dando as devidas atenções pro lado de cá da ponte.

Por falar em ponte, alguém já viu algum técnico fazer qualquer trabalho de manutenção em alguma ponte? Eu nunca vi.
Quando vão fazer, entram nas galerias, ateiam fogo, e deixam a ilha sem luz.

A ponte Hercílio Luz só não cai porque não quer se sujar na água que circunda nossa ilha.

As outras 2 pontes que possuem uma passagem para pedestre, 1 não, 2 passagens para pedestre em cada lado, ou seja, 4 passagens no total, também não sofre qualquer trabalho de manutenção. E quem sofre somos nós. Apenas 1 passagem de pedestre funciona. Mal e porcamente por sinal. A segurança, tanto no acesso quanto no trajeto pela travessia, é precária.

Mas voltemos a falar sobre meu continente.
Capoeiras, Abraão, Coqueiros, Itaguaçú, Estreito, Canto, Balneário, Coloninha, Monte Cristo, Jardim Atlântico, Bom Abrigo. 11 bairros.
Morro da Caixa, Maloca, Covanca, Morro do Geraldo, Baxada, Vila Aparecida, Vila São João, Pro Casa, Chico Mendes. 9 comunidades que eu contei, das quais eu conheço, entre os bairros de Capoeiras, Monte Cristo, Coqueiros e Coloninha.

É relativamente bastante gente.

11 bairros, e 2 ônibus circular: um que ninguém sabe o horário, e outro que ninguém sabe se existe, porque nunca viram.

Se eu saio de Capoeiras e quero ir para Coqueiros, eu tenho que ir até o centro, e pegar o Abraão. Ou esperar um dos circulares. Se eu vou até o centro para depois pegar outro ônibus, então uso o cartão. Mas muita gente terá uma surpresa se for tentar isso. A integração não acontecerá. Interessante, não?

Então as opções são: Espero um dos circulares, pago 3,50 (só pra ir), vou apé pelo Angeloni, ou corto caminho pelo Vila Aparecida.

Mas se eu moro em Capoeiras e quero ir pra Puta que o pariu, eu pago só 1,75. :)

Agora vejam o interessante: Saindo do Centro, eu pago 2,10 em dinheiro pra ir até Forquilhinhas e 2,00 em dinheiro para ir até Capoeiras. Eu também posso pagar 1,75 em dinheiro e ir até o Hospital Regional, ou 1,75 no cartão para ir até Capoeiras.

E se eu quiser ir e voltar de Capoeiras para Coqueiros, eu pago 7,00. Está quase o preço de uma passagem para a praia da Pinheira. Detalhe: Capoeiras é do lado de Coqueiros. E não quero dizer que é perto. É do lado mesmo. Não há nenhum bairro entre Capoeiras e Coqueiros.

Aliás, só pra informação, Capoeiras faz divisa com Estreito, Coloninha, Monte Cristo, Canto, Coqueiros, Abraão. 6 dos 10 bairros (não estou contando Capoeiras), fazem divisa com Capoeiras.

Um bairro grande, requer grande atenção. Mas o continente está abandonado.

Uma paródia da canção do exílio malfeitinha, mas bunitinha, minha sobre o continente.

Minha terra tem ruas
Que esperamos asfaltar
Nas ruas que aqui andamos
Não andamos como lá

Nossos postes tem mais fio
Nem por isso temos mais luz
Nossas esquinas tem mais praças
Nossas praças mais amores

Em cismar, sozinho, à noite
Mais prazer encontro eu aqui
Minha terra tem ruas
Que esperamos asfaltar

Minha terra tem aconchego
Que tais não encontro ali
Em cismar, sozinho, à noite
Mais prazer encontro eu aqui
Minha terra tem ruas
Que esperamos asfaltar

Tomara que eu nunca deixe
De morar neste Morro
De desfrutar deste aconchego
Que eu só encontro aqui
Sem qu’inda aviste as ruas
Que esperamos asfaltar.

quinta-feira, 6 de abril de 2006

Jogo do amor

Amor sublime amor.

Se existe 2 coias que não combinam é Jogo e Amor. O ditado já diz: Azar no jogo, sorte no amor. Então quem foi a mente doentia que criou o jogo do amor?

Segue um trecho editado, mas nada fora do contexto original, de uma conversa minha com uma amiga a qual chamei de Maria. Foi editado apenas para remover erros da língua portuguesa.

Artur: É essa a parte do tal jogo do amor q eu não gosto. É muita enrolação. O negócio tinha que ser mais direto: "Oi, tudo bem? Qual é o seu nome? Prazer, sou o Artur. Vamu ali no canto?" e pronto.
Maria: Aiiiiii!!! Não acredito!!!!! ARTUR!!! O mais legal é justamente o joguinho: olhares, pegar na mão, falar besteira... enfim, a parte da conquista!
Artur: Mas eu não posso fazer isso depois? É bem melhor, fica até mais espontâneo. Porque fica um fingindo pro outro tentando ser pra outra pessoa aquilo que não é só pra poder ficar com ela, depois não liga no outro dia, etc... Tinha que ser o contrário. Primeiro rola o beijo, e depois vai conhecendo melhor. Se não gostar, manda embora, mas pelo menos já deu um beijo.
Maria: Não precisa fingir ser quem você não é!
Artur: Mas pode ser que ela não goste de mim de verdade, então eu tenho que fingir ser alguém que ela goste só pra poder ficar com ela. Digamos que no primeiro dia deu certo, mas a máscara vai caindo, com o tempo um lado vai se apegando mais, no meu exemplo o homem, e o outro lado, no meu exemplo a mulher, vai desapegando, e ficando com outros, é nessa hora que rola aquela depressão e etc, porque eu fiz todo um esforço e agora que ela realmente me conheceu não quer mais.
Enquanto se tu for jogar de acordo com as minhas regras, depois do beijo, eu não preciso mais fingir ser alguém que ela goste, e posso ser eu mesmo, se ela não gostar, já me corta no primeiro dia mesmo.
Maria: É, pode até ser, mas eu não acho legal fingir ser alguém só pra conseguir um beijo. É melhor conseguir sendo quem você é. Não acha?
Artur: Acho. Mas de qualquer forma é um trabalho que leva tempo, e mesmo assim pode ser que não resulte em nada. Então mais vale resultar alguma coisa no começo, porque depois de já ter rolado o beijo, tens todo o tempo do mundo pra fazer o que quiser.
Maria: Mas é melhor demorar pra conseguir o beijo e depois, se tu conseguir, é sinal que a pessoa realmente te curtiu e com certeza tu vai ganhar algo mais além do que um beijo.
Artur: Mas e a decepção do "não" ? Até concordo que perde aquele - se é que ainda pode-se chamar assim - glamour do charme, da conquista, mas hoje em dia também ninguém dá a mínima, então mais vale começar pelo beijo.
Maria: É, bom, eu ainda acho mais legal conhecer antes de beijar.
Artur: Porque pro beijo, o que mais conta é a aparência. É só ter como exemplo uma night qualquer. Ou tu acha que o rapaz passa a noite inteira, 3 horas da festa conversando com a guria pra ficar com ela ?
Maria: Tem gente que conversa (não 3 horas, mas uma meia hora, hehe), mas eu não to falando de um simples agarramento, tava falando de arranjar alguem legal!
Artur: Mas depois do agarramento, vem a conversa, e ai sim, pode marcar um outro encontro. Se uma das partes não gostou da conversa pós beijo, não precisa marcar mais nada, ou até diz que vai no banheiro e não volta. A mesma parte do jogo na regra atual: muda de assunto e pronto.
Maria: Mas dificilmente vai rolar alguma coisa depois em night.
Artur: Mas se depois do beijo e depois da conversa marcar outro encontro..... já era.
Maria: Por isso que tu tem que procurar alguém em um lugar de menos “guerreragem”!
Artur: Banheiro masculino. Lá é o lugar que eu vejo onde menos tem “guerreiragem”.
Maria: (risos)

Artur: Qualquer lugar tem “guerreiragem”.

Segue um sambinha pra ilustrar o tema.

Dor de amor
(Arlindo Cruz / Zeca Pagodinho / Acyr Marques)

“Ai como dói a dor
Como dói a dor de amar
Quem se desencantou
Sabe o que é chorar

Esse mundo não tem professor
Pra matéria do amor ensinar
Nem tampouco se encontra doutor
Dor de amor é difícil curar

Chico-preto, malandro veneno
Agora é sereno e vive de paixão
Sorte dele ser correspondido
É bem sucedido não ama em vão

E o contrário foi o branco Chico
Tão belo e tão rico dono da razão
Não valeu seu poder financeiro
Pois não há dinheiro que compre emoção

Ele quis viajar de saveiro
Mas era jangada a embarcação
Que saiu mas encalhou
Não chegou a alto mar
Mas um sonho naufragou

Dor de amor é difícil curar”